A LIBERDADE DA NETFLIX
A Netflix invadiu os corações de todos nós, fãs de cultura pop. O motivo é simples, nós temos a oportunidade de assistir a diversos filmes e séries por um precinho módico por mês. O serviço de streaming salva nossos fins de semanas e também aqueles dias chuvosos e frios, ideal pra uma boa coberta, pipoca e aquele filminho na Netflix.
O salvador de nossas tardes tediosas vem seduzindo também diretores, atores e produtores de Hollywood. Pipocam entrevistas e depoimentos na internet onde eles declaram seu amor pelo serviço, e a razão é principalmente uma: a liberdade que o Netflix oferece.
O streaming dá liberdade criativa para os artistas, lá é uma terra sem lei, onde não há nada nojento, sombrio ou violento o suficiente.
As produções originais da Netflix são, em sua maioria, sucesso de crítica e público. Elas não seguem o padrão imposto pela grande indústria, uma vez que não precisam se preocupar se algo é inapropriado ou vai ofender algum anunciante, já que o serviço se paga pelas assinaturas.
Luis Gerardo Méndez (ator da série Club de Cuervos) disse recentemente: “Algumas vezes as pessoas da Netflix vieram até o set e elas diziam ‘Cara, não fique com medo de nada. Não fique com medo de fazer alguma coisa muito extrema, ou sombria, nua ou crua demais. Se joga’. Eu trabalhei 12 anos nessas empresas de TV mexicanas enormes, e nunca havia ouvido isso”. O criador da série Dragões: Corrida até o Limite (continuação de Como Treinar seu Dragão), Art Brown, concordou: “Eles deixam os produtores fazerem seu próprio show. Isso te dá muita liberdade para contar histórias que você não poderia contar, ou coisas com as quais você teria mais limitações em uma rede. Então, é um lugar mais excitante para nós”.
Essa liberdade toda abre espaço para outro tema importante, e raramente visto na televisão ou mídia tradicional: a diversidade. O mundo está recheado de pessoas das mais diversas cores, formas, credos e tamanhos diferentes. Muitas das quais não se parecem com o padrão que a mídia impõe. Como a Netflix não precisa obedecer a ninguém ela dá mais valor a essas diferenças, o que pode ser visto em várias de suas produções. Orange is the New Black é uma série protagonizada, em sua maioria, por mulheres. E o enfoque também é todinho delas. Mas a série não trata de problemas “típicos” do mundo feminino, como fofoca, garotos, etc. Ela mostra as dificuldades da vida em uma cadeia feminina.
Sense 8 é outra série ótima e que quebrou todos os padrões quando contratou uma atriz transgênero para fazer um dos papéis principais. Abordando o romance gay, com dois casais diferentes (dois homens e duas mulheres).
A gente sabe que a indústria de Hollywood é masculina, machista, opressora e predominantemente branca. O que a Netflix faz é um começo, embora saibamos que pra combater essa desigualdade ainda há muito chão pela frente.
Grandes nomes como Tina Fey também já foram atraídos pelo serviço de streaming. Após ter problemas com a NBC ao tentar emplacar seu novo roteiro de comédia, por causa da premissa “potencialmente complicada” (onde uma mulher é feita refém por um fanático), Fey recorreu a Netflix. Assim nasceu Unbreakable Kimmy Schmidt. Na época a atriz disse à Reuters: “Na televisão, quando você está indo à casa das pessoas, você deve ser um pouco mais educado. No serviço de streaming Netflix, no entanto, você pode entrar em tópicos mais perigosos”.
Para o cineasta brasileiro José Padilha, a Netflix era sua única escolha para fazer a série Narcos.“Queríamos fazer a série bilíngue porque a história na vida real é bilíngue e achamos que a Netflix tem a audiência que buscaria isso”.
E falando dessa liberdade toda, como não falar de sexo? Várias séries originais da Netflix tem cenas bem quentes, para dizer o mínimo, muito mais do que estamos acostumados a ver na TV. Como na internet assiste quem quer, se você clicar é por sua própria conta e risco.
Isso trouxe várias cenas memoráveis nas séries produzidas pelo serviço de streaming, Sense 8 se destaca de longe, mas Orange is the New Black e Jessica Jones também tem cenas pra deixar qualquer pai ou mãe com os cabelos em pé. Desde orgias e bacanais, sexo lésbico e gay até o tradicional relacionamento hétero. Todos foram retratados. Além, é claro, de vários nudes que podemos presenciar ao longo das séries (engana-se quem pensa que os nudes estão restritos apenas às mulheres, tsc).
A aceitação do streaming perante o público nem precisa ser discuta, enquanto a Net cobra R$ 209 para você ter acesso ao combo com os canais HBO, a Sky cobra R$ 169 e o Net Now cobra cerca de R$ 9,90 por filme, a Netflix cobra R$ 14,90 mensalmente. E oferece inúmeras opções.
Prova de todo esse sucesso são os números que a Netflix apresenta a cada ano. Atualmente ela já é responsável por ocupar 37% de todo o tráfego da internet nos EUA durante o horário de pico. Na metade de 2015 a empresa já tinha chegado a 62 milhões de usuários em mais de 50 países, e com a previsão de lançar seus serviços em mais de 200 países até o fim de 2016.
Seja em família ou não, a Netflix está aí para todos os gostos. Nós podemos afirmar que o serviço de streaming ganhou nossos corações e certamente vai dominar o mundo. E não estamos achando isso nem um pouco ruim.