Crítica – Titans -Temporada 2
Enfim chegamos ao final da segunda temporada de Titans, do DC Universe. Apesar de manter alguns acertos de seu primeiro ano, a série acaba tendo mais baixos do que altos, com resoluções frias e apressadas além de escolhas de roteiro pouco inspiradas.
Se durante a primeira temporada tivemos todo o foco colocado na “origem” da Ravena (Teagan Croft), a segunda temporada amplia a visão e explora um tema mais abrangente, famílias disfuncionais. Dentro dessa visão foi mais fácil explorar o inflado elenco separadamente, aprofundando nos dilemas morais de personagens que já não tiveram quase nenhum foco no ano anterior.
Dentro destes acertos, alguns personagens fazem com que a audiência possa querer ver mais deles, talvez até, em uma série própria. É o caso de Rapina e Columba. Após os eventos do primeiro ano, Hank (Alan Ritchson) e Dawn (Minka Kelly), tentam uma vida longe dos vigilantes. A evolução disfuncional do casal, aqui, está intimamente ligado a vícios, no caso de Hank, ligado a drogas. Já no caso de Dawn, na adrenalina do combate ao crime. A série acerta quando aborda sem medo como esses vícios tem impacto na relação dos dois e em como isso determina o destino do casal. Outro caso é o de Kory, a Estelar (Anna Diop). Ainda que já tenhamos mais noção de seu passada na temporada um, nesse ano, somos apresentados a sua irmã, a Estrela Negra, que assumiu a coroa em seu planeta natal Tamaran e iniciou um reinado de terror. Ainda que essa seja um ponta para se resolver apenas na futura terceira temporada, a semente é muito bem plantada, sem fugir do “foco” da série, as “famílias disfuncionais”.
A série também usou esse ano para focar na transformação de Dick Grayson (Brenton Thwaites) de Robin em Asa Noturna. Essa jornada tem um inicio claro, coerente e promissor, mas é justamente quando o roteiro amarra essa evolução ao passado de Dick com o Exterminador (Esai Morales), que a coisa começa a desandar. Grayson parece ser o herói mais atormentado nessa temporada, ainda na busca pelo equilíbrio entre suas próprias convicções e a figura soturna e violenta do Batman, ele ainda carrega a culpa pela morte de Jericó e a derrocada da primeira equipe dos Titans. Aqui, apesar de beber bastante de sua fonte original, os quadrinhos, o roteiro não consegue passar credibilidade, estendendo o enredo mais do que o necessário e falhando em mostrar do que exatamente Dick se sentia culpado. A tão esperada origem do Asa Noturna, demora à acontecer e quando enfim acontece, perde o impacto.
A atuação de Esai Morales como o maior antagonista dos Titans, beira a perfeição. As expressões e trejeitos do porto-riquenho-americano lembram a todo momento o frio estrategista dos quadrinhos. Mas longe de ser amparado pelo roteiro, o personagem parece perder o foco já na metade da temporada, trazendo um fim apressado e sem muita explicação.
A segunda temporada de Titans parece se apoiar muito em seu showrunner, Greg Berlanti, o mesmo das séries da CW, como Arrow, Flash e Supergirl. Perdendo pouco a pouco a “pegada” sombrio e realista de seu primeiro ano e dando lugar a longas tramas novelescas, pouco criativas e nada empolgantes. Já com uma terceira temporada confirmada, esperamos que Titans retome sua origem e consiga evoluir, caso contrário, o terceiro ano corre sérios riscos de se tornar o último.