A Lenda de Steve Ditko

Neste final de semana, um triste notícia tomou de assalto o mundo nerd. A lenda dos quadrinhos Steve Ditko nos deixou. Icônico quadrinista, ao lado de Stan Lee, foi criador de celebres personagens como Homem Aranha e Doutor Estranho.

Stephen J. Ditko, ou Steve como viria a ser conhecido, encontrou sua paixão pelos quadrinhos ainda criança, por intermédio de seu pai, um apaixonado pelos quadrinhos do jornal de domingo, em especial o trabalho de Hal Foster em o Príncipe Valente. Mais tarde, Ditko acaba se encantando com o trabalho de Jerry Robinson, o ilustrador parceiro de Bob Kane, que deu forma a ninguém menos que o Batman, além é claro, da lenda Will Eisner.

Os primeiros trabalhos vieram ainda na década de 40, quando Ditko se alistou no serviço militar e serviu em uma Alemanha pós guerra. Foi lá, em um jornal dedicado ao exército, onde ele começou desenhando algumas tirinhas em quadrinhos. Foi apenas na década seguinte, já fora das Forças Armadas, que Ditko descobriu que Jerry Robinson, ministrava um curso na Escola de Desenhos Animados e Ilustradores, em Nova York. Algum tempo mais tarde, Robinson chamou alguns editores para falar com sua turma, entre os editores estavam ninguém mais que Stan Lee.

Seus primeiros trabalhos na industria de fato, foram títulos menores, como: Stretching Things, Paper Romance e A Hole in His Head. Isso foi até 1954, onde Ditko contraiu tuberculose e teve de se afastar do trabalho. Já em 1955, quando já recuperado, ingressa na antiga Atlas Comics, hoje rebatizada como Marvel Comics. Aqui inciando um projeto que viria a se tornar um dos heróis mais queridos de todos os tempos. Na ápoca, Stan Lee, pretendia criar um herói diferente. Mais jovem e “normal” até onde fosse possível. Para tanto, levou o projeto para seu ilustrador de confiança e parceiro de longa data, Jack Kirby. Este por sua vez tinha uma ideia bem diferente, de inicio a história a companharia um jovem que encontrava um anal magico que lhe traria poderes similares a de uma aranha. Na concepção de Kirby, o personagem teria uma capa e uma pistola de teias. Detestando o caminho que as coisas estavam tomando, Lee resolveu dar uma chance a Ditko. Com o projeto em mãos, ele deu uma roupa mais adequada aos poderes do personagem, nem botas duras ou capas volumosas. A pedido de Stan, a mascara deveria cobrir todo o rosto. O toque final venho com a substituição da arma de teias pelos lançadores escondidos nos pulsos. Toda a proposta e o visual do personagem foram extremamente bem aceitos pelo público, o que fez de Homem Aranha um imenso sucesso.

Algum tempo mais tarde, Ditko trabalhou em um antologia toda dedica ao Hulk, outro dos grandes nomes da Casa das Ideias, desta vez precisava-se de um vilão diferente e novo para o Gigante Esmeralda, Steve pensou então e alguém que pudesse testar o Hulk não fisicamente, mas sim intelectualmente. Assim surgiu Líder. Entretanto esta nem foi a criação que mais chamou a atenção de Stan Lee no projeto, mas sim um personagem coadjuvante, uma aparição que tomou poucas páginas, mas que tinha muito potencial, tratava-se de Doctor Strange. Lee assumiu a ideia de buscar algo no sobrenatural, mais um vez algo diferente e distante do que vinha sendo apresentado nos quadrinhos até então. Logo chegava a hora de aprofundar-se na criação de Steve Ditko. Ilustrador e roteirista viajaram fundo no título Strange Tales, levando o Mago Supremos a reinos cada vez mais abstratos e lúdicos, apresentando entidades cósmicas milenares de poderes grandiosos.

A parceria entre Stan lee e Steve Ditko rendeu um verdadeiro panteão de personagens riquíssimos. Entretanto diferenças criativas acabaram por separar a dupla de sucesso. É sabido que Steve colocava muito de si mesmo em suas criações, Peter Parker, por exemplo, tanto física quanto psicologicamente, tem muito de seus criadores. Vale lembrar que na época, a industria dos quadrinhos era algo muito nichado, logo o “produto” final, não tinha de ser tão “quadradinho” não havia formula mágica para vender mais. Apenas a criatividade e a bagagem pessoal de cada quadrinista. Entretanto para alguns o motivo da separação destas duas grandes mentes, vinham de motivos além do destino de suas criações. Não é segredo para ninguém que havia muito divergência sobre a revelação da identidade secreta do Duende Verde por exemplo, mas alguns biógrafos acreditam que a visão “empresarial” que Lee estava começando a pesar muito nas decisões criativas e isso afetava Ditko. Verdade ou não, o fato é que Steve acabou se distanciando quase que totalmente da Marvel, buscando novos ares até mesmo na maior rival, a DC Comics, onde criou o Capitão Átomo e o Questão, além é claro de trabalhar e dar um novo gás para personagens como o Besouro Azul.

Steve Ditko continuou em seu estúdio em Manhattan criando e escrevendo. Decidiu, ao contrário de seu meio parceiro, ter uma vida sem grandes aparições públicas, para ele o que valia era sua arte e como ela era feita. segundo ele mesmo “Steve Ditko é uma marca”. E para nós, fãs e nerds, esta marca será lembrada para sempre.