Vingadores Ultimato – Crítica
ATENÇÃO!! O TEXTO PODE CONTER SPOILERS.
Enfim chegamos ao derradeiro momento, o fim de uma saga que durou 11 anos. Vingadores Ultimato, é sim um final apoteótico, para aquele que definitivamente mudou as regras e os conceitos de sucesso e “franquia” em Hollywood.
Seria no minimo leviano, iniciar uma conversa sobre Vingadores Ultimato e deixar de fora a importância que a Marvel trouxe para o cinema moderno. Mesmo sabendo que grandes franquias não são uma novidade no mundo da sétima arte, a inovação narrativa criada para o Universo Cinematográfico da Marvel é sem precedentes e se torna a maior contribuição que um “filme blockbuster” já concedeu ao mundo do cinema.
Como se todo o peso de concluir uma franquia épica não bastasse, Ultimato ainda lidou com a maior pré venda de ingressos da história. Fatores que deixariam qualquer cineasta pensativo, apreensivo e talvez até menos disposto a não arriscar muito. Não foi esse o caso dos irmãos Russo, que trouxeram uma conclusão apoteótica, corajosa e extremamente sentimental.
Na trama acompanhamos os dias que se seguiram após o estalar de dedos, de Thanos, que ceifou metade da vida no universo. Quebrando qualquer expectativa, o longa traz uma versão melancólica do presente, abusando do clima imposto no final de Guerra Infinita. Cada um dos seis Vingadores originais, tem um importante papel para que entendamos como a humanidade esta levando a nova realidade imposta pelo vilão. Como era de se esperar, cada uma dos seis originais, presta a um diferente estágio do luto, tendo aqueles que são movidos a reconstrução, como o Capitão (Chris Evans) e de certa maneira o próprio Tony Strak (Robert Downey Jr), até aqueles que ainda permeiam o estágio da raiva, como o Gavião Arqueiro (Jeremy Renner), que agora assume a alcunha de Ronin.
Vale o destaque aqui para as jornadas pessoais de cada um dos personagens. Se em um passado recente Thor (Chris Hemsworth), teve uma nítida evolução como o Deus do Trovão, agora, o personagem encara seu fracasso ao não ter conseguido parar Thanos a tempo. O Asgardiano revela um lado até certo ponto sombrio e pessimista, apesar da abordagem cômica. Mesmo que o enredo não dedique muito tempo de tela para o Hulk (Mark Ruffalo), este é uma das mais gratas surpresas do filme. Abraçando o melhor de suas duas formar, somos apresentados ao Professor Hulk, velho conhecido dos quadrinhos, o personagem une o corpo do Gigante Esmeraldo ao intelecto de Bruce Banner, a alteração parece aprofundar suas raízes em um vindouro futuro dos heróis no cinema.
Do lado feminino, duas personagens foram fundamentais para o andamento da trama. A começar por Nebula (Karen Gillian), a prova definitiva, que mesmo os mais esquecíveis filmes da Marvel, foram aproveitados aqui. A sutil evolução da Irmã Adotiva de Gamora, foi revelada quase como plano de fundo nos longas Guardiões da Galáxia 1 e 2, isto lhe concedeu conhecimentos e posições estratégicas para a resolução do roteiro,validando ainda mais a ideia de uma construção complexa de universo. Outro destaque, mais uma grata surpresa, fica por conta da Viúva Negra (Scarlett Johansson). Com os Vingadores quebrados e separados, coube a Natasha Romanoff, assumir o posto de líder na base da equipe e continuar o trabalho, mesmo que visivelmente afetada com a nova realidade, é ela quem segura as pontas e se apresenta para o sacrifício, quando necessário.
Certamente, como todos já esperavam, o maior destaque fica nas mãos do Capitão América e do Homem de Ferro. Afinal, não é tudo sobre eles? Da relação conturbada, passando pela admiração mutua até a quebra de confiança e a reconciliação. Ao longo de 11 anos, pelas mãos desses dois, nós acompanhamos o nascimento dos Vingadores, os heróis mais poderosos da Terra. E de uma forma, ou de outra, este é um fim para os dois também. De maneira linda e trágica, é em Ultimado que dizemos adeus para esses grandes heróis. Seria um verdadeiro sacrilégio descrever aqui o que acontece com cada um, isso deixo para que você mesmo confira no cinema, do jeitinho que deve ser feito.
Cinematograficamente Ultimato agrada, e muito. Segue a mesma métrica de seu antecessor, Guerra Infinita. Se apoia em anos de universo estabelecido para trazer um filme mais solto das amarras narrativas convencionais, sem muita explicação ou perda de tempo. Decerto não é um filme perfeito, como qualquer outro é passível de erros, mas nem de longe é algo que possa incomodar o espectador. Talvez para os mais fanáticos por teorias, nem tudo tenha sido tão surpreendente assim, tenho certeza que quase tudo o que você leu sobre o longa estava lá. Entretanto, aqui, a beleza não esta nos fatos, mas em como eles ocorrem e são contados. Todos os méritos aos diretores que, do inicio ao fim, ditaram um ritmo tão adequado a ponto de ignorarmos a duração do longa, tomando o público com um genuíno sentimento de empolgação e êxtase.
Vingadores Ultimato, é o ponto final em uma saga grandiosa, empolgante e emocional. O futuro, existe! Ainda no segundo semestre o Homem Aranha pode dar o ponta-pé inicial em uma nova jornada, e nós, certamente estaremos lá para acompanhar mais 11 anos da Marvel nos cinemas.