Filmes

O balcão de locadora e a mente de Tarantino

Humor peculiar, violência eloquente, narrativa original e uma impecável fotografia fizeram de Quentin Tarantino, um dos diretores mais amados e marcantes da atualidade no mundo da sétima arte. Cada uma de suas 8 produções, 9 se contarmos o estreante Era uma vez em Hollywood, impactou e marcou fundo a história do cinema.

Entretanto, a formula singular e mágica que assina todas as produções do diretor não surgiu do acaso, mas sim de uma extraordinária dose de inspiração, referências e muita competência.

Ao contrario da maioria dos diretores de Hollywood, a carreira de Tarantino não teve inicio em uma escola de cinema, mas sim em um balcão de locadora. Ali, cercado de todas as clássica e populares produções, que o cineasta começou a explorar um verdadeiro universo de referências.  Contudo, nem sempre as direções de Tarantino foram bem vistas pelos críticos, logo em seu primeiro trabalho, Cães de Aluguel, o diretor foi acusado de plágio.

Ainda demoraria algum tempo, até que se entendesse o que Quentin estava propondo com seus filmes.

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Talvez para entender melhor todo o conceito de criação do diretor, é preciso ter em mente: Tarantino rouba ideias de outros filmes! Esse é o pensamento. Aliás, é assim que ele mesmo enxerga sua trajetória. Em entrevista para a revista Empire em 1994, ele disse: “Eu roubo de todos os filmes que já foram feitos. Adoro fazer isso. Se existe algo na minha obra, é porque eu roubei isto deste filme ou aquilo daquele outro e misturei tudo junto. Se as pessoas não gostam, azar o delas, não assistam, certo? Eu roubo de todo o mundo. Grandes artistas roubam, não fazem homenagens.”. Fora de contexto, talvez essa analise soe mais dura do que realmente é, mas quando se tem em mente que a formação de Tarantino foi dentro de uma locadora, cercado por filmes, fica bem mais fácil entender. Isto é, ele aprendeu a fazer filmes assistindo filmes. A beleza de sua obra nem de longe está nos elementos que ele tira de outras produções, mas em como ele os mistura. Por sinal, essa arte tem nome, pastiche, e consiste basicamente em tomar para si várias fontes para criar algo totalmente novo. Uma técnica levada por Tarantino praticamente a perfeição, onde todas essas referências se perdem em meio a um gênero próprio criado pelo diretor.

Não atoa ele alcançou o status de ícone em uma era pós – moderna para o cinema, onde a máxima é: nada é novo na arte, tudo é reciclado e reutilizado repetidamente. Cada uma de suas obras, faz referência e revisita algum estilo especifico. Enquanto o já citado Cães de Aluguel, aponta para os filmes de crimes chineses, como City of Fire, Jackie Brown se baseia em um movimento que ficou conhecido na América como blaxpoitation. Pulp Fiction recria o movimento francês da New Wave, enquanto Bastardos Inglórios homenageia os filmes da segunda guerra mundial. Kill Bill, revisita as produções de kung-fu e dos samurais japoneses, enquanto Django Livre e Os Oito Odiados apontam diretamente para o Spaghetti western. Mais uma vez, um verdadeiro balcão de locadora.

Apesar de cada uma de suas obras terem base e inspiração em diversas outras produções que marcaram a história do cinema, elas tem algo muito mais forte em comum, a mente de Tarantino. Um universo único, exagerado e extravagante, tão bem criado que todas essas referências se tornam parte de um ideia ímpar e singular, com a assinatura marcante do diretor.

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