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FILMES BASEADOS EM FATOS NÃO TÃO REAIS ASSIM

Vira e mexe Hollywood aparece com mais um blockbuster baseado em “fatos reais”. Claro, ele é baseado, nunca vai ser totalmente fiel, mas às vezes o filme não tem praticamente nada de real, ou a história é inventada mesmo, e o baseado em fatos reais torna-se um exagero sem tamanho.

Há histórias muito interessantes que no nosso imaginário – aquele mesmo que no fundo deseja que a magia, ou que mundos secretos, existam – nós bem gostaríamos que fosse verdade. Afinal, a realidade ás vezes pode ser maçante.

Há a outra via também, de que o espectador gosta de ser confundido e o sabor da realidade, às vezes, impressiona muito mais. Justamente por isso a quantidade de filmes “baseados em fatos reais” cresceu assustadoramente, mas em alguns casos o “baseado” está de fato muito longe da realidade.

Como nem tudo são flores, vamos falar aqui de alguns longas que exageraram na dose e tornaram-se filmes baseados em fatos não tão reais assim.

O primeiro da lista é um dos mais famosos “fakes”. Horror em Amityville ficou famoso na época por ser um thriller de dar arrepios em qualquer um e também ser baseado em fatos reais. A questão é que aconteceu mesmo um crime na história da casa em que o filme foi baseado, Ronald DeFeo confessou ter matado toda a sua família. Mas toda a história começou quando o assassino disse que fez isso porque ouvia vozes que o mandaram cometer tal ato. Mais de um ano depois desse fatídico acontecimento, a família Lutz se mudou para a casa, mas eles ficaram muito pouco alegando que a mesma era assombrada. Pois bem, logo após saírem dessa casa amaldiçoada, os Lutz procuraram um escritor, Jay Anson, para relatar todo o horror que viveram lá. E assim nasceu a chamada história de Horror em Amityville. O livro tornou-se um best-seller nos EUA e vendeu mais de 3 milhões de cópias. Esse sucesso chamou a atenção de Hollywood, claro, que decidiu fazer um filme da história.

Mas há muitas contradições na história de Horror em Amityville. Por exemplo, o livro conta que a família Lutz passou 28 dias na casa, enquanto os vizinhos afirmam que foram menos de 10 (alguns dizem que eles teriam saído rápido porque seus negócios faliram e eles não conseguiriam pagar a hipoteca). Ah, e lembra do Ronald DeFeo, aquele que matou a família? O advogado dele, William Weber, teria dito para ele inventar essa história das vozes sobrenaturais, pois dessa forma ele poderia alegar insanidade mental. Weber ainda disse depois que a história toda de Amityville não passaria de uma farsa: “Este livro não passa de uma farsa. Inventamos esta história de terror em meio a muitas garrafas de vinho”.

Fargo foi um filme muito elogiado pela crítica e pelo público quando foi lançado, em 1996. A história é simples, trata-se de um gerente de uma revendedora de carros em Minnesota com problemas financeiros. Isso faz com que ele tome uma medida drástica, pedindo que dois bandidos forjem o sequestro de sua mulher, que é filha de um homem muito rico. Nem é preciso dizer que tudo dá errado, não é mesmo?

No começo do filme os irmãos Coen (diretores do longa), já nos dão um aviso: de que o filme é baseado em fatos reais, mas os nomes das pessoas foram mudados para que elas permanecessem anônimas. Bom, fato é que depois de levar o Oscar de melhor roteiro original, os irmãos desmentiram a história e falaram que na verdade a trama não passou de uma criação de suas cabeças. Tsc, tsc.

O próximo filme de que vamos falar é novamente do gênero de terror. Parece que esse gênero em específico atrai muitos mentirosos não? Mas por um lado é bom que histórias tão arrepiantes não existam de fato no mundo real, já imaginou?

O Massacre da Serra Elétrica é um dos clássicos do gênero e arrecadou algo em torno de 30 milhões de dólares em seu lançamento. O filme foi um enorme sucesso e ainda é referência quando falamos em terror.

Pois bem, qual não foi a surpresa quando anos depois Tobe Hooper, o diretor do longa, desmentiu toda a história? Hooper disse que toda a trama foi inventada e que na verdade tudo não passou de um marketing para vender o filme.

Titanic é um dos clássicos do cinema e já foi o filme mais assistido do mundo. A história trágica do romance de Jack e Rose tocou milhares de pessoas ao redor do mundo, que se comoveram com os pombinhos.

Nós sabemos que o Titanic realmente existiu e que a embarcação encontrou seu trágico fim batendo em um iceberg, como mostrado no filme. Inclusive, alguns nomes usados no longa pertenceram a passageiros reais do Titanic. Mas Hollywood precisava de um incentivo a mais para tornar o filme mais atrativo (mesmo a história real já sendo triste o suficiente), e assim nasceram Jack e Rose. O casal apaixonado nunca existiu na realidade.

O Albergue também é um filme do gênero terror e em seu lançamento ele foi vendido como sendo baseado em fatos reais. Inclusive, a violência contida no filme teria provocado o vômito de diversas pessoas durante sua exibição no Festival de Toronto. O filme é de Eli Roth, mas Quentin Tarantino emprestou seu prestígio para dar uma força ao filme.

Acontece que, aparentemente, a história que O Albergue nos conta não tem nada de real. A única parte “real” do filme é que para essa trama toda surgir, o criador se inspirou em alguns lugares da Tailândia onde pessoas eram vendidas para serem mortas (o que também é muito ruim).

Esses são alguns filmes que de reais não tem quase nada, ou nada. É visível que os filmes de terror dominam a lista, o que por um lado é consolador ao pensar em um mundo que já tem tanta coisa errada, pelo menos essas histórias cruéis e assustadoras não aconteceram.

Sendo real ou não, nesse sentido a mágica do cinema está justamente em desconstruir a realidade, mesmo a reconstruindo. Ou ainda, a destruindo.

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