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Dunkirk

Conhecido por grandes obras como “A Origem”  e “Interestelar”, Christopher Nolan nos imerge na Segunda Guerra Mundial com Dunkirk. O longa nos apresenta a Operação Dínamo, uma evacuação de mais de trezentos mil soldados das tropas aliadas da cidade de Dunquirque, sob três pontos de vista distintos, que se passam durante uma semana, um dia e uma hora.

A história é contada com poucos diálogos, e procura fugir dos discursos heroicos, focando pura e simplesmente na sobrevivência dos personagens, mesmo que para isso sejam necessários atos egoístas e até covardes, ressaltando a humanidade de cada um deles. Acompanhamos três núcleos, encaixados perfeitamente graças à excelente montagem: um soldado que consegue escapar do cerco da cidade e quer a todo custo voltar pra casa, um civil que é convocado para resgatar os soldados do local e um aviador. Terra, água e ar são muito bem distribuídos e dão ao espectador aquela sensação de estar montando um quebra-cabeça ao longo do filme.

Apesar dos personagens serem anônimos em sua grande maioria, as atuações não deixam nada a desejar, e conseguem transmitir com  êxito  o terror da guerra. Mesmo acompanhado, cada um ali está sozinho, lutando por sua sobrevivência, abandonando o conceito de certo e errado e abraçando totalmente o instinto, numa guerra interior que está acima da guerra contra os nazistas.

A tensão faz parte do filme do início ao fim, e quando você acha que dá pra respirar um pouco, já está grudado na cadeira de novo. O medo e o desespero da guerra são extremamente bem retratados, e quando aliados à trilha sonora impecável de Hans Zimmer (companheiro de longa data de Nolan), à incrível sonoplastia (que faz toda a diferença num filme do gênero) e à maravilhosa fotografia (que muitas vezes remete às filmagens da época) resultam numa imersão experimentada pouquíssimas vezes até então.

O diretor finalmente deixou de lado as explicações didáticas (que irritaram muita gente em obras anteriores), dando espaço ao “show, don’t tell” (mostre, não diga), o que enriquece muito a narrativa. Indo na contramão de qualquer filme de guerra convencional, o filme já começa no clímax, e não para até o fim, que infelizmente apela para um discurso motivacional desnecessário e meloso.

Chegando a ser colocado com certo exagero pela crítica internacional à altura de mestres como Stanley Kubrick, acredito que ele ainda não chegou lá, mas a empolgação em torno do cineasta é válida, pois se trata do filme em que mais se nota o amadurecimento de Nolan. Filmado em 70 milímetros e com tecnologia IMAX, parte crucial da experiência do filme é poder assisti-lo num cinema que reproduza a película em seu formato idealizado pelo diretor. Com vários ingredientes pra levar muitas premiações, Dunkirk pode facilmente ocupar o panteão dos melhores filmes de guerra já feitos.

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