Crítica – X-Men: Fênix Negra
Enfim, para o bem ou para o mal, o esperado desfecho da saga mutante chaga aos cinemas com X-Men: Fênix Negra. Ainda muito distante do que os fãs poderiam esperar, o capitulo final perde o equilíbrio entre as problematizações e de fato resolver ou celebrar sua própria história.
Infelizmente, ainda que você consiga separar bem as coisas e não leve em consideração que os últimos longas dos Vingadores, Guerra Infinita e Ultimato, de certa forma elevaram o nível do cinema de super heróis, ainda assim, o tom que envolveu a produção de Fênix Negra já trazia um produto pesado, arrastado. A celebração com a compra da FOX pela Disney, apenas levou os fãs e imaginar como será o futuro dos mutantes, sob a tutela da Marvel, praticamente ignorando qualquer chance que este filme tinha de se sair bem. Apesar de tudo isso, esta talvez fosse a maior chance em replicar uma fórmula mais autoral aplicada em Logan, por exemplo. Coisa que o diretor estreante Simon Kinberg, anteriormente ligado a diversos roteiros da franquia, até tenta fazer, mas acaba deixando tudo muito leve e se perdendo na fina linha que separa o blockbuster convencional de um filme com pretensões artísticas mais elevadas.
Entretanto apesar das falhas, Kinberg ainda consegue trazer todo um fundamento enraizado na franquia dos mutantes desde sua criação, a representatividade. Se no passado, os Filhos do Átomo já levaram aos quadrinhos alegorias sociais para abordar temas impactantes como desilusões adolescentes, racismos e até a perseguição aos gays, agora enfim chegou a hora de abordar o feminismo. E aqui é nítido que a escolha da saga da Fênix ganha uma outra conotação, o empoderamento. Até este ponto o longa vai bem, escolhe um norte de maneira assertiva e eficiente, tem boas atrizes para simbolizar isso, Jennifer Lawrence, Sophie Turner e Jessica Chastain desempenham bem os papais que lhe são dados, o que atrapalha é como esse conflito é abordado. Com pouco, ou quase nenhum desenvolvimento, X-Men: Fênix Negra se prende a um caráter episódico, sem se aprofundar em quase nada, com diversos personagens mudando seu posicionamento e suas convicções quase que de uma hora para a outra. Falta organização na trama, que apesar de tratar de mutantes e alienígenas, pouco explora o conceito, encaixando o texto do feminismo fora e hora e apresentando divergências sem resoluções, enfraquecendo a estrutura do filme.
No que diz respeito a adaptação da saga, apesar de mais próximo que o da franquia anterior, aqui ainda passamos longe do material original. Ainda que o roteiro apresente vários pontos em comum, praticamente todos seguem para caminhos completamente diferentes, o que não chega a ser um desperdício total, com o estilo episódico do filme, fica a sensação de que muitas coisas ficaram para ser melhor exploradas em uma vindoura sequencia, mesmo que essa jamais venha a acontecer.
Ao fim,o último capitulo da saga, traz o mesmo sabor de praticamente toda a franquia, insosso. Poderia ser mais, precisava fazer mais e tinha tudo o que era necessário, inclusive o “nada a perder”. Entretanto, Fênix Negra parece mais cumprir uma tabela e passar logo o bastão para a Marvel, sem nenhum glamour ou celebração. Mesmo nem sempre agradando,a franquia merecia mais.