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Crítica – Wicked

Se toda história tem dois lados, qual seria o passado de uma das maiores e mais icônicas bruxas da cultura pop, aquela que praticamente definiu o estereótipo para todas as outras que vieram depois dela?

A famosa Bruxa Má do Oeste, de O Mágico de Oz, ganha o protagonismo em uma fabulosa produção comandada por John M. Cho e protagonizada por Cynthia Erivo e Ariana Grande, que adapta o famoso musical da Broadway, Wicked, para as telonas, recontando a clássica história, agora através da perspectiva de Elphaba.  

Na produção acompanhamos a história de Elphaba (Cinthya Erivo) desde o seu nascimento. Concebida em um ato fora do casamento, e nascida diferente de qualquer outra criança, a pequena é deixada de lado por sua família e sofre nas mãos das outras crianças por ter a pele esverdeada. Mas em uma virada do destino, Elphaba ingressa em uma escola de elite para aprender a dominar seus dons mágicos. Por lá ela se envolve em uma improvável amizade com Glinda (Ariana Grande). Mas não demora nada para que essa amizade chegue à uma encruzilhada, que acabará colocando Glinda e Elphaba em papeis antagônicos.  

Antes de mais nada é preciso dizer que, apesar da direção quase burocrática de John M. Cho, Wicked consegue sim trazer ares verdadeiramente mágicos aos cinemas. A trama envolve e emociona com facilidade.

Toda a jornada de Elphaba, é carregada de representatividade. E ainda que estejamos falando de uma bruxa, a parábola se adapta e alcança, literalmente, todos os espectadores.

Ainda que Erivo carregue todo o peso dramático da produção, apresentando uma personagem cheia de camadas, sofrida, sonhadora e altruísta, talvez ainda assim o destaque fica com Ariana Grande. A cantora traz uma atuação cartunesca do que seria uma garota malvada do colegial, e aqui todas os exageros e excentricidades servem para compor uma personagem que entrega o alivio cômico, mas que também explode em um verdadeiro show nos momentos musicais.

Momentos esses, aliás, que empolgam e surpreendem em um balé cinematograficamente deslumbrante, onde até mesmo aqueles que não são muito fãs do gênero, certamente serão arrastados e evolvidos pela vibração vista em tela.

No fim, a jornada de Elphaba passa longe de ser um clichê que simplesmente humaniza vilões. Aqui, o roteiro trata seus personagens de uma forma bem menos maniqueísta. Afinal, toda história tem dois lados, onde os bons e os maus, serão sempre decididos apenas por aqueles que controlam a narrativa.