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Crítica – Turma da Mônica: Laços

Se a sua infância passou pelos anos 80 ou 90, provavelmente um dos primeiros quadrinhos que passou pela sua mão foi um da Turma da Mônica. Ainda que você tenha crescido nos anos 2000, ou depois, ainda assim você conhece a obra e reconhece a tamanha importância que as histórias do Maurício de Sousa tiveram e tem para várias gerações. Esta semana celebramos a estreia do “passo” que faltava nessa jornada, transpor para a telonas, em live action, esse quadrinho da turma que faz parte da vida de tantas pessoas.

Turma da Mônica: Laços, é uma adaptação da graphic novel, homônima, escrita e ilustrada por Vitor e Lu Cafaggi, parte do projeto Graphic MSP, que trata de colocar os queridos personagens do Maurício de Sousa, nas mãos de competentes quadrinistas brasileiros. A história, transposta para o filme, tem uma simplicidade cativante. Floquinho, o cachorrinho verde do Cebolinha, desaparece de repente. Cabe a turma mais famosa do bairro do Limoeiro, Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, se unirem para buscar pistas do paradeiro do animalzinho. Apesar dos esforços, os 4 jovens não ganham muita atenção dos adultos, logo, mais uma vez cabe a eles embarcar em uma aventura para resgatar o cãozinho.

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Exatamente como a sinopse pode sugerir, a história tem uma pegada “sessão da tarde”, é fácil traçar um paralelo entre Turma da Mônica: Laços e alguns outros clássicos dos anos 80 como: Conta Comigo e Os Goonies. Mas isso sem distorcer ou cair no erro de “americanizar” a obra, preservando de maneira assertiva a essência do produto original.

Na telona, tudo é muito bem feito, a direção de Daniel Rezende concede um ritmo excelente a trama, o uso preciso de planos sequência e câmera lenta, aliadas ótima fotografia do longa, transpõe com exatidão os sentimentos da cena. Nenhuma novidade, já vimos o potencial de Daniel em seu trabalho anterior, Bingo: O Rei das Manhãs, um sucesso de crítica e bilheteria.

As atuações do filme são um show a parte. Transpor personagens que estão a décadas sendo representados pelo icônico traço lúdico do Maurício de Sousa, nem de longe era uma tarefa fácil. Mas foi tirado com naturalidade pelos atores mirins Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão), muito mais do que as características marcantes dos personagens, como o cabelo do Cebolinha, os dentes da Mônica ou mesmo a sujeira do Cascão, aqui as crianças parecem naturais, sem exageros ou excessos, uma típica turma que poderia fazer parte do seu bairro. No elenco adulto, certamente o maior destaque vai para Rodrigo Santoro, que da vida ao Louco, que aqui ganha um viés um pouco diferente, talvez mais objetivo ainda que totalmente maluco. Tanto o roteiro quanto a atuação de Santoro fazem com que a audiência queira ver mais do personagem, o que pode se tornar realidade no futuro, afinal o Louco também ganhou uma Graphic MSP muito elogiada pela crítica.

Fãs de longa data da Turma da Mônica, vão lembrar que a Maurício de Sousa Produções passou por algumas renovações ao longa dessas décadas. Começando ainda em 2008, com a chegada da Turma da Mônica Jovem, um feliz tentativa de atrair os fãs de mangás, um mercado crescente na época. Já me 2012, talvez a maior sacada de todas, as Graphics MSP, um material um pouco mais adulto, complexo. Visando aquele leitor que cresceu com essas histórias, mas que com o tempo, naturalmente migrou para outras obras. O projeto deu certo, reconquistou leitores e atraiu outros tantos mais. E talvez seja exatamente aqui, a única possível estranheza que o filme cause. Ainda que o alicerce, o material base, seja uma Graphic MSP, a adaptação bebe muito mais na fonte das histórias antigas, algumas vezes baixando o nível das relações mais complexas expostas na HQ de Vitor e Lu Cafaggi, normalizando e simplificando a trama. Não que isso prejudique o filme, longe disso. Apenas realoca a expectativa para com essa produção, que em suma, encanta muito mais pela nostalgia do que pela complexidade emocional que o roteiro poderia vir a ter.

Turma da Mônica: Laços é o passo natural e necessário que estes personagens mereciam ter. Demorou muito para as obras do Maurício de Sousa ganharem os cinemas, e agora que chegaram esperamos que fiquem por muito tempo.

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