Crítica – Titãs 1ª Temporada
Mesmo cercada de incertezas e com duras críticas, ainda que momentâneas, chega ao Brasil, agora de maneira oficial, através da Netflix a tão esperada série da DC Universe, que traz para as telinhas o jovem grupo de heróis, Titãs. E para a surpresa de alguns e felicidades de muitos, apesar de altos e baixos, a série termina seu primeiro ano com um saldo extremamente positivo, mostrando que ainda existe esperança para os fãs da DC Comics.
Toda esta primeira temporada trata de apresentar os jovens heróis enquanto arquiteta a chegada de um grandioso vilão. O papel de fio condutor, que ocupa-se de unir todos os personagens, fica por conta da Ravena, papel de Teagan Croft, que mesmo do alto de seus 14 anos, consegue entregar a profundidade que o papel necessita, mesmo que isso ainda coloque a personagem distante das encarnações que estamos acostumados a ver em desenhos, ou mesmo nos quadrinhos. Mas se o fio condutor fica nas mãos da Ravena, a melhor jornada se apoia totalmente na vida de Dick Grayson, o Robin (Brenton Thwaites). Tentando se distanciar do Batman, por acreditar que o Homem Morcego desperta o pior em seus aliados, Dick tenta uma nova vida em Seattle, longe do vigilante de Gotham. Agora trabalhando na policia, é ali onde o Garoto Prodígio, tem sua primeira interação com Ravena. Mutano (Ryan Potter) e Estelar ( Anna Diop) acabam tendo suas histórias minimizadas ao longo da temporada, deixando mais segredos a serem revelados no próximo ano.
Uma das maiores críticas que a série recebeu assim que chegou a TV nos Estados Unidos, vinha do abuso da violência gráfica, sentida já no inicio do primeiro episódio. Entretanto, o uso excessivo da brutalidade, acaba se mostrando muito mais do que apenas uma apelação, não é necessário chegar muito longe na série para notar que esta é uma escolha de roteiro, e a barbárie se mostra debatida dentro da história, principalmente nas escolhas de Dick Grayson. Outra forte crítica por parte dos fãs, estava ligado a caracterização. Se por uma lado, os cartunescos trajes heroicos de personagens como Robin, Rapina e Columba funcionam super bem na tela, o mesmo não acontece com outros integrantes da equipe, principalmente com Estelar.
Já podemos começar dizendo que a Estelar tem uma das piores caracterizações e isso não tem nada haver com a cor de sua pele e sim com a falta de proximidade com o quadrinho mesmo. Algumas características da personagem ainda se mantem, a representação dos poderes também não peca em nada, mas a pouca profundidade e a desnecessária extravagância dada a Estelar acabam descaracterizando muito e a deixando muito abaixo do esperado. Mais uma vez, o fato da atriz ser negra não interfere, é realmente como a história trata a personagem que dificulta a defesa. Aliás, vale ressaltar que Anna Diop entrega muito bem o que foi escrito, é o roteiro que não ajuda no desenvolvimento e utilização da heroína. Ainda existe tempo para arrumar alguns pontos para o próximo ano, mas de maneira geral, é melhor o fã já se acostumar que este é uma outra versão da personagem espacial.
Talvez o ponto que mais chame a atenção dos fãs, sejam os fãs services introduzidos ao longo dos capítulos. Seja na história de Rapina e Columba, na Patrulha do Destino ou mesmo na aparição de Donna Troy, a Moça Maravilha, todos que leram os quadrinhos terão algo a mais para notar em cada episódio.
De maneira geral, a série agrada e se sustenta, ainda que precise se apoiar muito no universo no Batman para aproveitar o Robin, o futuro parece muito promissor, principalmente levando em conta que ainda temos muito ao que ser apresentado no que diz respeito a Estelar e Mutano, que com certeza terão suas histórias mais aprofundadas no próximo ano.
Ao longo dos 11 episódios é possível notar que existe uma intenção de trabalhar em um universo próprio, que insira elementos fantásticos em um mundo mais “sombrio e realista”, expressão que pode causa calafrios em alguns, mas que aqui, funciona muito bem. A série ainda caminha, muito já foi indicado, mas os produtores não parecem ter pressa para mostrar. Caso aprenda com os erros e tenha coragem para continuar trilhando esse caminho, Titãs tem tudo para se tornar uma das grandes produções do universo de super heróis, para televisão. É aguardar para ver.
Ainda fica a dica, ao final do último episódio, tem uma excelente cena pós crédito, quem é fã vai adorar.