Crítica – The Umbrella Academy | 2ª Temporada
Enfim chega á Netflix a segunda temporada de The Umbrella Academy. Maior como produção, mas menor no quesito originalidade, a série mantém uma regularidade positiva.
Sem qualquer enrolação, o segundo ano da série continua a história do exato momento em que paramos em sua primeira temporada. Após a fuga de 2019, os irmãos Hargreeves agora estão espalhados pelos anos 60, o problema é que o apocalipse venho com eles e agora é preciso que o Número Cinco (Aidan Gallagher), mais uma vez, reúna seus irmãos para impedir o fim do mundo.
Nitidamente, The Umbrella Academy passou por um ganho considerável em sua produção. Com uma fotografia muito mais elaborada, a série consegue emular com facilidade o retrato da época em que se passa, os efeitos especiais dos poderes de cada irmão, também ganharam um upgrade, chega de cenas encobertas pelo escuro da noite para baratear a produção, neste ano tudo é feito às claras, de dia, e isso é incrível.
A atuação é outro fator importante, se no ano anterior houve algum desiquilíbrio entre entre um ator mais experiente e outros estreantes, aqui parece tudo resolvido. Tom Hopper, Ellen Page e Robert Sheehan, continuam em destaque, mas até mesmo pelo roteiro mais elaborado, permite que David Castañeda e principalmente Justin H. Min tenham espaço para brilhar e muito.
De maneira geral, a série adapta com maestria a HQ Dallas, segunda da trinca de The Umbrella Academy criada por Gerard Way e Gabriel Bá, diferente até da primeira temporada, aqui o roteiro tenta se aproxima bem mais do material original, acrescentando novos personagens apenas para sustentar um plot para todos os irmãos e não para inventar novos caminhos para a história, mas ainda assim, talvez seja aqui onde a segunda temporada começa a não encaixar tão bem.
Três personagens são criados especialmente para série, todos trazem plots para trabalhar com protagonistas que a própria HQ deixa um pouco de lado. Ritu Ayra é Lila e acompanha boa parte da jornada de Diego (David Castañeda), Marin Ireland é Sissi Cooper e acompanha Vanya (Ellen Page) e Yusuf Gatewood é Raymond Chestnut e acompanha Allison (Emmy Raver-Lampman). Enquanto Diego e Lila parecem ter uma narrativa de evolução guardada para a próxima temporada, os plots de Vanya e Allison se sustentam em bandeiras sociais e propõe discussões assertivas sobre homossexualidade e racismo no auge dos anos 60. Entretanto, ainda que extremamente necessárias, as tramas não alcançam seu ponto máximo por, ao contrario do resto da história, se tornarem extremamente previsíveis. Ao contrário da narrativa estabelecida desde a primeira temporada, onde a expectativa do espectador é quebrada a todo momento, as tramas envolvendo Vanya e Allison, poderiam ganhar um impacto maior se, junto das importantes bandeiras sociais, também trouxessem um storytelling diferenciado.
Outro ponto que pode desagradar alguns fãs, esta na equalização imposta na narrativa de maneira geral. Se a montagem e diegese da primeira temporada, conseguia soar tão estranho quanto seus protagonistas, criando um descompasso na trama que tornava a série um produto tão singular, aqui praticamente tudo fica mais aredondado. O roteiro deixa tudo muito bem explicado, quase diminuindo um pouco a profundidade dos personagens, tudo para que a trama não soe estranha ao espectador, ainda que esta, ao menos para mim, tenha sido um trunfo único da primeira temporada.
De toda forma, a segunda temporada de The Umbrella Academy funciona bem, perde um pouco de seus valores únicos, mas se mantem como uma ótima forma de entretenimento e uma belíssima adaptação de um quadrinho fantástico. O gancho para o terceiro ano vai deixar muitos fãs malucos, afinal, devido a pandemia pela qual passamos, a vindoura terceira temporada pode demorar um tanto mais para chegar.