Crítica – Stargirl | Temporada 1
Pense em uma série bem produzida, fiel ao seu material original e repleta de referências de um tempo onde traços icônicos e roteiro simples dominavam os quadrinhos. Pois é, essa é Stargirl, que já nos primeiros episódios deixou claro que seria um dos melhores produtos da DC Comics nas telinhas.
A história acompanha a vida de Courtney (Brec Bassinger) e sua mãe Barbara Whitmore (Amy Smart), quando elas decidem se mudar da badalada Califórnia para a fictícia cidade de Blue Valley, no Nebraska. Após a morte do marido, Barbara começa uma vida com Pat Dugan (Luke Wilson) e seu filho, Mike (Trae Romano).
Ainda muito a contra gosto, Courtney tenta se adaptar a nova vida e ao padastro, mas tudo muda quando o Cajado Cósmico, icônica arma do Starman, um importante membro da antiga Sociedade da Justiça da América, escolhe a garota como a sucessora do herói. Abrindo caminho para toda uma complexa e sombria trama que revelará planos nefastos da outrora conhecida equipe de vilões, a Sociedade da Injustiça.
De longe o maior acerto de Stargirl esta em seu tom, a trama volta e meia, ganha ares de mistério ora sombria, ora leve, bem ao estilo aventuresco clássico, como em um filme alá Indiana Jones, ou se preferir, exatamente como eram as histórias na famosa Era de Ouro dos quadrinhos da onde a própria Sociedade da Justiça da América foi tirada. Ainda que o produto final tenha as mãos de Greg Berlanti e Geoff Johns, os mesmos produtores do Arrowverse no canal CW, aqui o dramalhão e o estilo teen não incomodam, pois os protagonistas são adolescentes e agem como tal, por vezes chatos e teimosos, mas sempre evoluindo com erros e acrescentando arcos interessantes, seja a mensagem do episódio ou a trama da temporada.
Outros elementos chaves da série, também retirado do material original, estão nas lições sobre família, legados e esperança. Geoff Johns, enquanto roteirista de histórias em quadrinhos, criou esta versão da Stargirl como uma homenagem a sua irmã, cujo nome também era Courtney, que venho a falecer em um acidente aéreo anos antes. É exatamente apoiado nisso que a série consegue tirar o máximo de uma das melhores e mais surpreendentes adições do elenco, Luke Wilson.
Popular por seu timming em produções mais voltadas para a comédia, Wilson tinha uma tarefa nada confortável pela frente, dar vida a Pat Dugan, o eterno ajudante de super herói, sem qualquer tipo de poder. Ainda que nos quadrinhos Dugan sirva como certo alivio cômico, afinal, diferente de vários outros ajudantes, ele sempre foi retratado como um homem adulto, por vezes mais velho que seu herói. Em Stargirl, Pat recebe um tratamento um pouco variado, aqui ele funciona como um certo legado da Sociedade da Justiça, um guardião dos segredos, ainda que por muitos, seja visto como um párea, triste e sem poderes. Luke Wilson consegue ir além no papel, em um arco que o leva do posto de mentor da jovem heroina, até a sua aceitação como figura paterna, não se espante se por um segundo ou dois você se pegar emocionado com as interações de Wilson e Bessinger.
Um deleite a parte para os fãs dos quadrinhos esta na alta fidelidade em cada representação visual dos antigos heróis. Ainda que muitos deles recebam novas identidades secretas, todos os uniformes foram inspirados em artes de Alex Ross e principalmente na primeira metade da temporada é fácil se perder em inúmeros easter eggs presentes a cada cena.
De maneira geral, Stargirl acerta em praticamente todos os aspectos. Ainda que alguns possam criticar os uniformes caricatos e o roteiro simplificado, o intuito de beber da fonte de uma era mais simples e icônica dos quadrinhos se cumpriu. Agora com a série nas mãos da CW, é esperar para que essa liberdade divertida que Stargirl tinha no serviço de streamming DC Universe continue.