Crítica – Rocketman
Em um longa frenético, colorido e espalhafatoso, exatamente como deveria ser, chega aos cinemas Rocketman. Filme que acompanha da juventude ao auge, de um dos mais icônicos astros do mundo da musica, Elton John.
Mesmo que aparentemente, Hollywood esteja mais uma vez embarcando na onda de filmes biográficos de estrelas da música, Rocketman merece uma atenção tremenda. Não apenas por se tratar da vida de um ícone, mas pela imensa qualidade de produção, carinho e brutalidade com que essa história é contada. Qualquer um que já tenha acompanhado minimamente a vida de Elton John, ou ao menos visto uma de suas apresentações, se deu conta da tamanha extravagancia que o músico carrega consigo. E para contar sua história, não poderia ser de uma maneira comum, ou ordinária. Para fazer jus a toda essa excentricidade, a produção flerta com ares mais artísticos, uma direção mais dedicada e um roteiro mais profundo, tudo para dar assinatura e personalidade ao longa.
O brilhante roteiro de Lee Hall, coloca logo de cara Elton adentrando uma sessão de alcoólicos anônimos para contar sua história. Uma posição genial, pois colocando-o como narrador, já fica claro que não teremos algo cinematograficamente biográfico e que a história se permitirá algumas licenças poéticas, por vezes até mesmo fantasiosas. Elton, que na verdade era Reginald Dwight, nasceu em 74 e ainda criança, logo se mostrou um verdadeiro prodígio aprendendo e tocar piano muito cedo. Reggie, como sua mãe o chamava, passou por diversos traumas na infância, muitos deles ligados a figura de seu pai, que nunca fez questão de demonstrar muito afeto. A separação de seus pais e uma latente falta de carinho em casa, deixaram marcas profundas em Elton, que no futuro, resultaram em vícios em drogas, bebidas, compras e até mesmo em sexo.
A direção de Dexter Fletcher é precisa e genial. Como dito anteriormente, precisava ser um filme maior, diferente e Fletcher não poupa nada aqui. Como em uma produção menos “blockbuster” e mais artística é fácil notar o uso de alguns planos sequência ligeiramente exagerados e takes levemente mais compridos que o normal, a fotografia acompanha as emoções sem se repetir. Já a trilha sonora, vai na contramão do uso imaginado e acabam sendo embutiba na trama como um artificio para ajudar a contar a história e não como resoluções de dilemas. Aqui a produção consegue alcançar o impensável, sendo um musical sem ser brega, arrancado risos sem ser jocoso e lagrimas sem ser piegas.
Apenas sobre o elenco, seria muito fácil passar algum tempo aqui descrevendo como os atores foram bem escolhidos e desempenham bem seus papeis. Mas vamos dar um destaque especial a três deles: Bryce Dallas Howard, que interpreta a mãe de Elton,uma personagem que precisava se estabelecer em uma fina linha, sem ser a vilã, mas longe de ser uma verdadeira mãe para o protagonista, belíssimo trabalho da atriz. Jamie Bell, que da vida ao melhor amigo de Elton e compositor Bernie Taupin, em alguns momentos chega a ser quase um co protagonista. E por fim, logicamente, Taron Edgerton, vale lembrar aqui que este nem era a principal escolha para dar vida ao musico, mas aqui, como já foi dito na imprensa, Taron consegue se estabelecer como um grande nome em Hollywood, surpreendendo não só pela aparência, ou pelo fato dele mesmo gravar suas cenas cantando, mas pelo imenso poder de atuação que demonstra. Simplesmente um real candidato ao Oscar.
Rocketman, não apenas consegue fazer jus a carreira de Elton John, como também sobe o nível das produções deste tipo. Mostrando que já não basta mais “apenas” contar a história, é preciso ter personalidade para isso.