Crítica – A Resistência
Carregando um visual impecável, uma trama épica e uma direção inspirada, A Resistência, ou The Creator, chega aos cinemas sem grande alarde, mas entrega uma das melhores experiências do ano para quem é fã do sci fi.
Em uma trama, que não poderia ser mais atual, a humanidade se vê em um cenário pós-apocalíptico, após entrar em guerra contra uma inteligência artificial. Nesta versão do futuro, acredita-se que esta IA foi a responsável por lançar um ataque nuclear contra o ocidente. É a partir dai que o governo norte-americano decide por acabar com os seres artificiais, que por sua vez, não encontram outra solução a não ser migrar para o oriente, onde os países ainda acolhem as formas de vidas sintéticas. A trama se intensifica quando é descoberto que O Criador, um humano que ajuda as inteligências artificiais, programou uma nova arma que pode mudar o rumo da guerra, Mas não demora para que o agente infiltrado, vivido por John David Washington, descubra que nem tudo é como parece.
Certamente o maior destaque do longa vem da sua inspirada direção. Gareth Edwards, conhecido por seus irretocáveis trabalhos em Godzilla (2014) e Rogue One: Uma História Star Wars, sabe bem onde buscar referências para construir esse universo. Se o roteiro busca ritmo em obras como Logan e Avatar, a estética leva o espectador para um passeio por Blade Runner e Star Wars. Absolutamente tudo trabalhando em harmonia para que a audiência sinta que já conhece aquela história, mas ainda assim se surpreendendo com as reviravoltas.
O elenco mistura rostos pouco conhecidos com nomes de peso. Se de um lado temos John David Washington, Ken Watanabe e Allison Janney entregando uma técnica exemplar em tela, do outro temos a jovem Madeleine Yuna Voyles, que definitivamente carrega o coração da produção em uma atuação exuberante para um papel repleto de camadas.
Ainda assim, é certo que para um bom fã do gênero, algumas das principais viradas podem soar um tanto previsíveis, principalmente no terceiro ato quando a trama precisa servir menos a arte e mais ao convencional. Mas nem de longe isso tira qualquer mérito da produção, que aposta em um roteiro até bastante complexo e não se omite ao propor discussões um tanto mais profundas e filosóficas.
Por fim, Resistência se torna uma das melhores surpresas do ano até aqui, visualmente perfeito e dramaticamente interessante. Que venham mais produções assim, como pontos fora da curva. E que Gareth Edwards reapareça mais vezes, pois já provou que é um diretor de identidade própria e competência de sobra.