Crítica – Power (Project Power)
Imagine uma mistura incessante do gênero policial com super heróis, adicione uma clássica trama de tráfico de drogas e você poderá ter um vislumbre de Power, o novo longa da Netflix estralado por Jamie Foxx e Joseph Gordon-Levit. Mas será que essa combinação toda agrada?
O roteiro acompanha 3 histórias que se entrelaçam. Robin (Dominique Fishback) é uma jovem traficante, de bom coração, que faz o que faz por uma causa justa, ajudar sua mãe que precisa de uma cara cirurgia para sobreviver. Joseph Gordon-Levit é Frank, um policial de moral exemplar, porém dono de uma maleável ética, disposto a fazer qualquer coisa, inclusive burlar a lei, para fazer valer a lei. A terceira ponta fica por conta de Art, ou Major, interpretado por Jamie Foxx. Pertencente as Forças Especiais, Art está em uma cruzada para resgatar sua filha das mão de perigosos traficantes. Os caminhos destes três se cruzam e os colocam no encalço de Biggie (Rodrigo Santoro) o enigmático traficante que esta espalhando pela cidade uma nova droga capaz de conceder diferentes poderes aos seus usuários por cinco minutos.
A premissa de Power é boa e abre espaço para diversas discussões interessantes, mas a direção frenética de Henry Joost e Ariel Schulman, que antes já haviam acertado em cheio com Nerve: Um jogo Sem Regras, aqui acaba não contribuindo com a trama, que por vezes prefere “jogar no seguro”, em termos de história, sem se arriscar em qualquer aprofundamento mais efetivo de seus personagens, preferindo reservar um tempo exagerado a cenas grandiosas de ação desenfreada, que ao fim acabam por levar do nada para lugar algum. Fica claro que Power peca pela simplicidade, os três arcos aprecem não fluir com um fechamento digno, ainda que proponham uma boa história a ser contada, repleta de camadas, direção e roteiro parecem evitar ir fundo tornando o produto final raso.
Mesmo que o filme tenha um defeito nítido em sua narrativa, ainda pode-se dizer que ele cumpre seu papel como entretenimento. O ganho estético na produção, em especial na fotografia, efeitos gráficos e belas coreografias nas lutas, quase compensam a excessiva despretensão do roteiro.
Os destaques ficam no óbvio, cada cena de Jamie Foxx dispensa qualquer comentário o ator é grande o bastante para caber e sobrar em seu personagem. Joseph Gordon-Levit também consegue arrancar alguns elogios, ainda que seu arca seja pouco motivado/criativo, o ator consegue ir além principalmente quando tem de mesclar comédia e ação. A maior surpresa talvez fique na conta de Dominique Fishback, conhecida por trabalhos menores fora dos blockbusters, como em The Dulce e O Ódio que Você Semeia, chama a atenção e em alguns momentos consegue inclusive puxar o protagonismo só pra ela.
De todo modo, em tempos de produções notáveis que exploram o gênero super herói com originalidade como, The Boys e a série Watchmen, é difícil não levar em conta os deméritos de Power. Fica bem difícil achar que o longa terá uma sequência, mas se acontecer, que os diretores entendam que grandes cenas sem um bom roteiro, não fazem uma produção.