Crítica: O Tigre e o Dragão – A Espada do Destino
Há 16 anos atrás, Ang Lee nos presenteava com uma grande produção adaptando a obra de Wang Du Lu, O Tigre e o Dragão. A essência da poesia das artes marciais mostradas no longa, quebraram paradigmas e alcançando um estrondoso sucesso no mundo inteiro. Hoje, pelas mãos de Yuen Woo-Ping e produção da Netflix, temos a sequência deste épico, O Tigre e o Dragão: A Espada do Destino.
Como qualquer produção atual da Netflix, toda a parte técnica do filme é exemplar. Cenários grandiosos, figurinos impecáveis e uma ótima fotografia, trabalho do já veterano Newton Thomas Sigel, fazem da sequência uma ótima pedida para os amantes de um bom entretenimento. Mas infelizmente, não estamos falando apenas de um bom entretenimento. O roteiro intrincado, cheio de significados e lições do original, não se mantêm em A Espada do Destino. A trama simples trata logo de apresentar vilões e heróis, mais uma vez temos a espada Destino Verde, como objeto central. Agora, após um súdito de Hades Dai tentar roubar a arma, um grupo de honrados guerreiros se reúnem para impedir que o artefato caia em mãos erradas.
Até aí tudo bem, o primeiro e o segundo ato do longa convencem e funcionam, muito graças à atuação de Michelle Yeoh, remanescente do elenco original que volta a viver Shu Lien. O incomodo vem com o modo superficial com que a poesia é tratada. Desta vez, não existe filosofias ou ensinamentos a serem aprendidos. Toda a concepção Taoista, presente no gênero, sai e da espaço a uma batalha fria contra um vilão sem grandes motivações, aproximando o filme de produções sem sal como 47 Ronins, que se preocupa mais em resgatar uma estética, do que em contar uma história consistente.
Ao final dos créditos, fica a sensação de que faltou um algo a mais, uma virada menos óbvia ou um legado melhor aproveitado. A Espada do Destino acaba sendo uma sequência esforçada, mas pouco atrativa em relação ao original. Uma pena, pois a intitulada Pentalogia de Ferro, série literária que serviu como base para ambas as produções, tem histórias incríveis que mereciam ganhar uma adaptação digna.