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Crítica – O Escândalo

Real, visceral e reflexivo. É assim que O Escândalo (Bombshell) chega aos cinemas, adaptando uma história de assédio real, que aconteceu no coração de um dos maiores veículos da extrema direita Norte-Americana, a Fox News.

O longa acompanha três jornalistas, mulheres, em fases distintas de suas carreiras. Enquanto Megyn Kelly (Charlize Theron) vive o auge da profissão, como uma das mais respeitadas âncoras de seu segmento, Gretchen Carlson (Nicole Kidman) é a veterana, que, cada vez mais, perde espaço por suas opiniões fortes e muitas vezes avessas às da emissora. Já a jovem Kayla Pospil (Margot Robbie), deslumbrada com o mundo da televisão esperar alcançar o sonho de chegar a bancada de um grande programa. Ainda que sem interações mais intimas, as vidas das três protagonistas se entrelaçam por um asqueroso ocorrido, todas sofreram assédio sexual de seu diretor geral, Roger Ailes (John Lithgow).

Ainda que o filme inicie com um plot mais voltado para a politica, relembrando denúncias de assédio e a postura pouco presidenciável de Donald Trump, e que ganhe os cinemas do mundo justo quando o presidente americano inicia sua campanha de reeleição. A pauta principal é clara: A conduta opressora que muitas mulheres vivem diariamente dentro de seus ambientes de trabalho.

O roteiro de Charles Randolph é extremamente assertivo quando evita cair na conveniência didática do que é assédio e começa a mostra-lo de maneira crua, aqui, cenas cotidianas ganham uma reflexão maior. A direção de Jay Roach traz um ritmo acelerado e arrojado para uma trama tão sensível. Planos sequência, takes mais longos e a pontual quebra da quarta parede transformam o longa e colocam o especador vidrado da tela do cinema, sem sequer notar o tempo passar.

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Os maiores destaques vão para Charlize Theron, que consegue carregar o filme com tranquilidade descortinando os bastidores da fama e todo o stress que esta proporciona. E, Margot Robbie, que protagoniza uma das cenas mais intensas do longa ao narrar um episódio de assédio, triste, verdadeiro e real. Fora da trinca de protagonistas, John Lithgow também merece atenção. Em um papel consideravelmente complicado, Lithgow consegue dar vida a um verdadeiro dinossauro fora de sua tempo. Imoral, machista e preconceituoso.

Um dos poucos pontos negativos do longa, fica pela atuação de Kidman, ainda que sua história tenha uma importância gigante no filme, nem sempre a atriz consegue convencer e em alguns momentos chave fica devendo. A maquiagem pesada, feita para aproximar as feições de Theron e Kidman de suas contrapartes reais também soam exageradas e desnecessárias, mais distraindo e atrapalhando do que encantando.

Ao fim da jornada, com a vitória das mulheres e o desligamento de Ailes da Fox News, o longa ainda encontra tempo e propõe uma reflexão: O que realmente é uma vitória? Um assediador afastado, muda o comportamento de tantos outros? Muda a visão do mundo sobre o tema? No fim, a maquina continua girando. E a batalha por igualdade de direitos é diária e também não pode parar.

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