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Crítica – O Doutrinador: A Série

Após um ano de sua estreia nos cinemas, O Doutrinador, ganha mais uma vez espaço na grande mídia. Desta vez em forma de série televisiva no canal Space. O produto que poderia ser mais aprofundado e debatido, acaba sendo mais do mesmo e repetindo todas as fragilidades de seu longa.

Na história, pouca coisa muda em relação ao “corte” para o cinema. Miguel (Kiko Pissolatto) é um agente do DEA que investiga um forte esquema de corrupção politica, que culmina na prisão do governador Sandro Corrêa. No meio da operação o politico acaba solto e retornando ao seu cargo. Já Miguel é acometido por uma tragédia que muda completamente sua vida e o coloca no caminho para se tornar o vigilante Doutrinador.

Assim como em seu material original, a HQ escrita por Luciano Cunha, toda a concepção do herói convence e funciona. A discussão sobre um vigilante sem medo de matar, é válida. Ainda que já explorada a exaustão em diversos outros materiais similares, mas por se tratar de uma HQ 100% brasileira, o modelo a ser seguido mostra solidez. Talvez o maior problema da série, já percebido no longa de 2018, enteja em sua produção.

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Justamente o sentido de se readaptar a obra para uma série era conseguir se aprofundar ainda mais em alguns pontos que não tiveram tempo de tela, como por exemplo, todo o viés politico da obra abre precedentes gigantescos para se discutir ideologias de partidos, as engrenagens da corrupção e até mesmo a violência que esse cenário acaba trazendo. Questões de roteiro também poderiam ter mais espaço por aqui, profundidade em certas conveniências, como a bala que alvejou a filha de Miguel, ou mesmo o passado de sua cúmplice, a hacker Nina (Tainá Medina), tudo isso e muito mais mereciam mais tempo e uma certa dedicação a mais por parte do diretor Gustavo Bonafé e seus roteiristas.

No lugar do aprofundamento, novos plots foram adicionados a trama, histórias paralelas que até poderiam fazer a diferença no corte final, caso não fossem abandonadas ao longo dos sete episódios. A perspectiva de uma jornalista, Marina Sales (Lucy Ramos) trás uma certa referência a icônica HQ O Cavaleiro das Trevas, de Frank Miller, toda ação do vigilante sob a lente de aumento da mídia esboça um certo sentimento de profundidade, mas não passa disso. A série confunde a todo momento realizar uma discussão elaborada e crítica sobre certos políticos, com simples encenações de momentos, como quando acaba parafraseando o episódio de machismo e ofensas gratuitas, protagonizado pelo presidente Jair Bolsonaro contra a deputada Maria do Rosário. Ou abusando de cenas com malas recheadas de dinheiro. Todas imagens recentes e gravadas em nossas memórias, porém, sem muita força dentro de um roteiro que não consegue desenvolver este discurso.

De maneira geral, O Doutrinador: A Série, acaba pagando pelos mesmos pecados de sua primeira adaptação. Com um discurso fraco e sem muita inspiração, serve mais para despertar o interesse do público no produto original, este sim, muito mais competente em suas amarrações e pensamento crítico.

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