Crítica – Indiana Jones e a Relíquia do Destino
Distante de se enxergar como um revival de velhas franquias e longe da pretensão de servir como um grand finale para sua jornada, Indiana Jones e a Relíquia do Destino chega aos cinemas ciente de seu objetivo: contar uma boa história. Para tanto, o longa usa de ícones de seu percurso cinematográfico para prender velhos fãs, enquanto atualiza discursos e ainda entretêm com uma habitual e afiado senso e aventura que só essa franquia sabe despertar.
Na história acompanhamos o Professor Jones (Harrison Ford) anos após sua última aventura. Agora já carregando o peso da idade, o velho Indy, tem dificuldade em se acostumar com vida de aposentado e os tempos modernos. Tudo muda, quando um rival de seu passado está em busca de um artefato antigo e de poderes místicos, que pode alterar o rumo da história.
Muito embora o roteiro pareça cair em um clichê, já bastante explorado na franquia, o que torna este quinto filme interessante não é exatamente sua história crua, mas como ele atualiza elementos clássicos e até subverte algumas expectativas.
Mostrar um Indiana Jones mais velho no mesmo pique de ação de aventuras passadas, poderia soar um tanto absurdo. Aqui o roteiro abre arestas para justificar um temperamento mais ranzinza do protagonista. Agora, o Professor Jones carrega algumas feridas incuráveis, que o colocam muito mais próximo do que foi seu pai.
Nesse ponto é fácil notar que este filme é muito mais sobre transição. Ainda assim, ao contrário do que se possa esperar, a personagem de Phoebe Waller-Bridge, Helena Shaw, está longe de ser a sucessora do protagonista. Afinal este é um filme sobre mudança e até amadurecimento, mas não sobre passagem de bastão.
O papel de Helena Shaw na trata tem muito mais haver com algum tipo de reparação histórica. Em uma franquia onde toda mulher apresentada apenas servia ao protagonista, desta vez a personagem caminha pelo miolo da ação, ditando regras e até rivalizando com Indy. Mas tudo isso acontece de forma natural e interessante, sem soar arrogante ou mesmo forçado. Um destaque a mais para o trabalho de Phoebe Waller-Bridge, que além de uma atuação fantástica, ainda deixou sua contribuição mais que necessária no texto do longa.
No final, Indiana Jones e a Relíquia do Destino deixa uma sensação de mais um episódio nesta clássica série de aventura. Um ótimo episódio, que apresenta novos elementos, novos personagens e coloca o protagonista em um novo estágio. Mais velho, mais sábio e ainda extremamente interessante.