Crítica – Imaculada
Excessivo e delirante, como um bom terror precisar ser, Imaculada chega aos cinemas escorregando em uma história clichê, mas acertando em uma atuação fervorosa e visceral de sua protagonista.
Se nos últimos meses, ficou claro que Hollywood encontrou seu novo rosto favorito em Sydney Sweeney, aqui, ela se consagra muito além de qualquer estereótipo, se mostrando versátil em frente as câmeras, mas também, dona de uma visão particularmente criativa por trás delas.
Na história acompanhamos Cecília (Sweeney), uma jovem aspirante a freira, extremamente religiosa que guarda uma tragédia pessoal em seu passado, que a motivou ingressar nesta vida. Transferida para um convento na Itália, a jovem é logo impactada pela grandiosidade e mistérios que cercam seu novo lar. A noviça até consegue, por algum tempo, buscar alguma paz e conforto no padre Sal Tedeschi (Álvaro Morte), que atua quase como um mentor de início, e em sua nova amiga Irmã Gwen (Benedetta Porcaroli). Mas tudo muda quando Cecília aparece misteriosamente grávida. Agora, atormentada por sinistras forças a jovem ainda precisará confrontar medonhos segredos que cercam este convento.
Ainda que a produção apresente uma premissa instigante à primeira vista, acaba por pecar no ritmo do roteiro. Escrito pelo não tão conhecido Andrew Lobel, por vezes a história perde cadencia ao tentar emular vários tipos de subgêneros do terror ao mesmo tempo. Hora ele que ser um filme de possessão, hora quer ser um terror mais gore. Mas termina dando pouco valor aos seus próprios elementos.
Mas se o roteiro nem sempre ajuda, o diretor Michael Mohan, faz um trabalho brilhante ao conseguir construir uma atmosfera sombria e sufocante, por tempo o bastante para tirar qualquer atenção das escolhas simplistas que o texto traz. A fotografia se debruça sobre luz e sombras para transformar figuras religiosas de dentro de um convento, em ambientes amedrontadores. Mohan consegue, como poucos, aterrorizar sem precisar ser desnecessariamente expositivo.
Mas o que faz de Imaculada realmente um ponto fora da curva, é a atuação de Sweeney. A atriz lutou para que esse projeto enfim chegasse aos cinemas, trabalhou como produtora e trouxe Mohan, com quem já trabalhou em outras oportunidades, para a cadeira de diretor. Entre o sucesso avassalador de Todos Menos Você, e o flop abissal de Madame Teia, seria simples e compreensível para a atriz manter o foco em projetos mais seguros. Mas Sydney Sweeney mostra segurança e audácia em escolher ir além e testar todos os limites de seu poder de atuação. E para qualquer um que ainda tivesse alguma dúvida, a atriz é excelente.
No fim, Imaculada vale como o bom entretenimento que se propõe a ser. Até poderia ser mais, principalmente se o roteiro não escorregasse em escolhas simples e clichês, mas ainda assim, certamente a produção vai te arrancar alguns sustos.