Crítica – Homem Aranha: Longe de Casa
Enfim chegou o momento de conferir a aguardada continuação da história de um dos heróis mais queridos dos quadrinhos, em Homem Aranha: Longe de Casa. Muito mais do que apenas saber como vai a vida do Amigão da Vizinhança, chegou o momento de encararmos o presente após os acontecimentos de Vingadores: Ultimato.
A trama acompanha Peter Parker (Tom Holland) tentando estabelecer sua vida após o “blip”, nome dado ao momento em que todos os desaparecidos no estalar de dedos de Thanos, voltaram cinco anos mais tarde. Enquanto Parker bola planos para declarar seu amor por MJ (Zendaya), sua contra-parte, o Cabeça de Teia busca encontrar seu lugar em um mundo sem seu mentor, o Homem de Ferro. Quando o várias cidades ao redor do planeta parecem passar por um novo problema, sofrendo com ataques de elementais gigantes, Nick Fury (Samuel L. Jackson) recruta o Homem Aranha e um novo super herói vindo de um universo diferente, o Mysterio, para enfrentar a ameaça.
O longa, mais uma vez muito bem dirigido por Jon Watts, foca excessivamente no luto de Peter por seu mentor Tony Stark, a necessidade do mundo por um novo Homem de Ferro e a responsabilidade sobre os ombros do jovem herói para substitui-lo. Apesar do tom fúnebre que a trama possa sugerir, o roteiro convence bem pela simplicidade com que trata o tema, dando bastante espaço para nos aprofundarmos nos personagens deixando tudo mais leve e por vezes até mesmo caricato. Já no longa anterior, Watts mostrou ser muito capaz de tratar das relações entre o elenco jovem. Sem ser piegas neste quesito, o filme tira o que existe de melhor do elenco “escolar”. Se no passado a ideia de colocar o Homem Aranha ainda no colégio refletia no pensamento de referenciar filmes icônicos de adolescentes como os de John Hughes, mais uma vez Watts consegue trazer esse espirito jovem com o “plus” de não perder a mão na ação que um filme do gênero super-herói precisa.
Nitidamente o filme se apoia em uma reviravolta em seu segundo ato que parece crucial a trama, mesmo que essa seja esperada por qualquer um que já leu uma HQ ou mesmo que conheça o personagem de Jake Gyllenhaal, o “novo herói” Mysterio. Aqui, pode-se dizer que o enredo enfraquece. A relação do misterioso personagem com Peter emula uma sensação de um novo mentor para o garoto, mesmo que essa relação soe um tanto forçada e apressada durante o longa. Afinal, quem conhece o personagem sabe de suas reais intenções. O roteiro força Peter Parker a escolher seguir como o herói que Tony imaginou que ele seria, ou manter um vida normal de um adolescente. A escolha não soa nada natural, afinal “força a barra” para que de fato o Homem Aranha do universo cinematográfico da Marvel venha a substituir o Homem de Ferro, algo que potencialmente pode mudar, e muito, as raízes do Amigão da Vizinhança.
Para aqueles que conhecem a contra-parte do Mysterio das HQ, e sempre quis ver seus poderes transpostos para o cinema, não vão se arrepender. Graficamente as cenas envolvendo o personagem são lindas, emulando com maestria o sentimento gerada nos quadrinhos. A atuação de Gyllenhaal combina com o personagem, que apesar de ter seu passado consideravelmente alterado mantêm sua essência.
Ao final do filme é fácil notar que esta nova fase da Marvel talvez já não busque mais tantas referências em seu material original, os quadrinhos, mas sim em seu próprio universo já estabelecido. Levando personagens como o Homem Aranha para um lado pouco conhecido pelos fãs, não que isso seja ruim, na verdade abre um leque de infinitas possibilidades.