Crítica – Detetive Pikachu
Foi apenas no final dos anos 90, que o Brasil foi apresentado ao fenômeno mundial Pokemon. O tom aventureiro e divertido do anime, alavancou não apenas a audiência da Rede Record, como também iniciou uma verdadeira febre entre jovens, que consumiam tudo que a marca estampava. Apenas hoje, quase 20 anos depois, os fãs tem a oportunidade de contemplar a primeira aparição em live action dos famosos monstros de bolso, em Detetive Pikachu.
Na trama, muito diferente do que os fãs poderiam esperar, fica de fora a já tradicional jornada para se tornar um mestre Pokemon, que da espaço a uma trama um pouco mais densa. No longa, Tim Goodman (Justice Smith), caminha na contramão da sociedade e decide não ter um companheiro Pokemon, esse comportamento tem motivo, já que Tim tem uma vida cercada por traumas do passado envolvendo seus pais. Enquanto o garoto leva sua vida, tida como pouco atrativa para um mundo cheio de aventuras, ele é acometido por mais uma triste noticia. Seu pai, que trabalhava como detetive em Ryme City, uma cidade vizinha, foi morto no cumprimento do dever. Uma vez na cidade para tratar do acontecido, incia-se uma trama com ares investigativo em um universo conspiratório, onde existe a chance de seu pai ainda estar vivo, mas para desvendar o mistério Tim contará com a ajuda de um peculiar Pikachu, que diferente de qualquer outro Pokemon, consegue se comunicar e ser compreendido pelo garoto.
Ainda que a trama possa soar clichê e que alguns dos pontos de virada possam parecer um tanto óbvios para o expectador, principalmente para aqueles que jogaram o game homônimo da franquia, é nítido que o real sentido do filme não é inovar em sua história, mas sim apresentar e consolidar o mundo de Pokemon. E nesse quesito o longa entrega um excelente resultado. Logo de inicio somos apresentados a uma instalação cientifica, cujo a arquitetura icônica apresentada principalmente nos games, é transportada para nosso mundo com maestria, na cidade, telhados coloridos fazem referência a cor que cada cidade ostentava no jogo. Existe sensibilidade no abuso dos ângulos mais abertos, que são sempre usados para mostrar como os monstrinhos fazer parte da fauna e da flora de cara região. Seja com um bando de pidgeot cruzando o céu, ou mesmo alguns ratatas no porto, para onde você olhar vai notar algum Pokemon fazendo parte do mundo.
Aos fãs mais ligados, vale dois easter eggs muito interessantes no longa. Em um certo momento, é mostrado uma batalha em um torneio o garoto que esta batalhando usa um casaco e um boné vermelho, trata-se de Red o primeiro protagonista dos games da série. Em outro momento ainda, existe uma batalha entre um Blastoise e um Gengar, esta foi a primeira batalha exibida no anime e também na introdução do Pokemon Blue, para gameboy.
A direção fica por conta de Rob Letterman, conhecido pelo envolvimento em várias animações da DreamWorks. Seu trabalho aqui não chega a ser ruim para o andamento do longa, mas também esta longe de deixar uma marca profunda no mundo do cinema . A impressão que fica é de que Letterman fez tudo o que pode para deixar o produto final no mesmo “tom” da animação. Uma fantasia escrachada, cheio de personagens caricatos e vilões maquiavélicos, absolutamente nada fora da curva para quem já gostava do material original, mesmo que possa soar um pouco satírico demais para o espectador sem a dita referência necessária.
Aos fãs de longa data, todos devem ter se perguntado: “por que apenas agora adaptar Pokemon para uma versão live action?”. A resposta não poderia ser mais clara. Boa parte da trama do longa se passa em Ryme City, uma cidade conhecida por colocar humanos e Pokemon lado a lado, e isso não é por acaso. Atualmente, finalmente o cinema dispões da tecnologia necessária para criar os monstrinhos de uma maneira convincente. Certamente, nem todos os pokemon do longa tem o grau de detalhamento do Pikachu principal, que beira a perfeição, mas até mesmo aqueles que aparecem de fundo, em um plano mais aberto mostrando a cidade, dispõe de uma consistência bastante natural.
Detetive Pikachu, pode não ser bem a história que os fãs esperavam da primeira adaptação de Pokemon para as telonas, mas certamente deu um brilhante ponta pé inicial neste universo, deixando as portas abertas para quem sabe, aí sim mostrar uma verdadeira jornada de um mestre Pokemon.