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Crítica – Boca a Boca

Dinâmica, misteriosa, colorida e sedutora. Assim chaga Boca a Boca, nova série brasileira da Netflix, que se apoia em uma produção pra lá de rebuscada, para discutir temas importantes e atuais para os jovens.

A história acompanha Alex (Caio Horowicz), Fran (Iza Moreira) e Chico (Michel Joelsas), três amigos que vivem em uma pequena cidade rural pecuarista, onde após uma festa cercada de mistérios em uma floresta, uma doença fatal acaba se espalhando entre os jovens, sendo transmitida pelo beijo. Agora, cabe aos três amigos, correr para descobrir a origem da doença, antes que seja tarde demais.

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Através de um prisma totalmente pautado no sci-fi, a série aproveita para discutir conservadorismo, sexualidade e hiperconectividade. O criador e diretor geral, Esmir Filho, aproveita todos os espaços para criar uma mistura sinestésica conciliando o autoral e ao mesmo tempo indo buscar referências visuais em obras como O Demônio de Néon (2016) e Nerve (2016). A riqueza de produção, contrapõe de maneira espetacular o lado adulto, tradicionalista e reacionário, sempre marcado por tons pasteis e luzes retas, do lado jovem, livre e carnal, por sua vez marcado por uma câmera nada linear, frenética sempre cercado por cores fortes, marcantes em neon. Essa riqueza na produção e edição, colocam facilmente esta como o melhor produto nacional no catálogo do serviço de streaming.

Facilmente um dos maiores trunfos de Boca a Boca, esta em seu elenco. Por uma lado temos a diretora do colégio, aquela serve de pilar como autoridade dentro daquele cenário, Denise Fraga, que da vida a Guiomar, consegue entregar tudo. Principalmente no vislumbre final de seu arco como diretora, que, com naturalidade, assume a cadeira de vilã. Já em contraposição, o elenco jovem consegue ir ainda mais além, abordando um arco muito difícil, sobre homossexualidade, aceitação familiar e principalmente auto aceitação, Michel Joelsas consegue alcançar uma profundidade certeira. Iza Moreira, a interprete da Fran, também carrega uma bandeira social muito forte na trama, onde a atriz mostra segurança e habilidade de sobra para o papel.

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Ainda falando em qualidade de produção e bandeiras sociais, vale notar as muitas criticas inseridas em cada camada da série. Em dado momento, duas cenas de sexo estão sendo mostradas simultaneamente, uma heterossexual e uma homossexual. A hétero é colocada literalmente através de um filtro cor-de-rosa, as cenas são longas e cheias de detalhes, já a outra, acontece no escuro, cheia de cortes rápidos, quase como se fosse algo errado, que deveria acontecer as escondidas. Aqui a aceitação não fica só por conta do roteiro, mas também é oferecida ao espectador. Ao se deparar com as cenas, você normalizou o que aconteceu, ou se incomodou com a distinção das cenas?

O roteiro, de forma geral, acerta muito mais do que erra, principalmente se levar em conta as dificuldades de narrativas inseridas na história, chegar ao último capitulo, com o discurso social estabelecido, sem perder o ritmo sci-fi e ainda abrir um abismo de possibilidades para uma vindoura próxima temporada, não a tarefa mais fácil do mundo, mas Esmir Filho desempenhou como poucos.

Fica as expectativas, de que as alegorias da série sejam compreendidas, que as mensagens sejam recebidas e que não demora para que a Netflix libere o sinal verde para a segunda temporada de Boca a Boca.

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