Crítica: Blacksad- Nação Ártica

Hoje vamos falar de mais uma HQ que a editora SESI-SP nos mandou. A HQ europeia chamada Blacksad, escrita pelo espanhol Juan Dias Canales e ilustrada pelo também espanhol Juanjo Guarnido. Ela já está no 5º livro, mas aqui no Brasil apenas 2 volumes foram publicados. Esse é o volume 2 e se chama Nação Ártica.

Falando primeiro da estética da HQ, achei impressionante a quantidade de detalhes que ela possui. O traço de Guarnido é lindo e conseguiu fazer uma obra de arte em cada página.

Blacksad é um gato investigador que de cara já demonstra que odeia o lugar onde vive e o que o ronda diariamente. Em meio a vários crimes ele foi chamado para resolver o desaparecimento de Kayleigh, uma garota que estudava em um dos poucos colégios que restaram daquele bairro decadente chamado The Line. A professora Grey resolve tomar uma atitude, pois nem a mãe da garota prestou queixas sobre o desaparecimento. Ela convocou Black para descobrir o paradeiro da menina.

O bairro The Line é alvo de crimes racistas e existe um grupo chamado Nação Ártica, liderado por Hans Karup, um urso polar que almeja um mundo dominado apenas pela raça branca. Uma grande analogia ao nazismo, Ku Klux Klan e à década de 50/60 nos Estados Unidos, onde havia um problema sério de segregação racial. É mostrado claramente como uma elite branca domina o local e oprime todos que não pertencem à essa ‘classe’.

Os personagens são seres antropomorfos, mas esse fato não tira a seriedade da trama. Guarnido conseguiu transformar os animais mais adoráveis em criaturas sérias e más a ponto de as vezes esquecermos que de fato são animais. A HQ aborda temas mais sensíveis de preconceito racial, criminalidade, abuso sexual e até pedofilia. A trama segue um caminho investigativo, mas que depois de seu desfecho torna-se algo inesperado e bem perturbador.

Blacksad – Nação Ártica é uma ótima recomendação para quem quer uma leitura rápida sem perder a qualidade de roteiro e ilustração.