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Crítica – As Rainhas do Crime

As Rainhas do Crime chega aos cinemas mostrando que nem só de super-heróis vivem as adaptações de quadrinhos, subvertendo a dinâmica batida dos tradicionais filmes de gângsters e trazendo um debate contemporâneo sobre empoderamento feminino e o lugar da mulher na sociedade.

Ainda que possa parecer estranho a algumas pessoas, As Rainhas do Crime, ou The Kitchen no original, leva o selo DC Comics. Nesse caso DC/Vertigo, sendo uma adaptação da HQ homônima de Ollie MastersMing DoyleJordie Bellaire. A trama, tanto na HQ, quanto em sua contraparte cinematográfica, acompanha a vida de 3 donas de casa, na suja e desprezível Nova York dos anos 70. Mais especificamente no lendário bairro de Hell’s Kitchen, onde seus três maridos pertencentes a máfia irlandesa, acabam indo parar na prisão. Sem amparo algum, as três donas de casa não veem outra opção se não assumir os “negócios”. Ao descobrirem que são realmente boas no novo ramo, as três mulheres acabam adentrando uma trama repleta de violência, crimes e traições.

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Talvez a maior diferença entre a história original e o roteiro de The Kitchen, esteja no foco que Andrea Berloff, diretora e roteirista do longa, quis imprimir em seu produto final. Enquanto a HQ trata de um retrato real e brutal da velha e violenta Nova York em contraposição a sua versão atual, o filme esboça no fato de ter mulheres como suas figuras centrais, uma analise igualmente brutal sobre falta de direitos, voz e a violência que estas sofrem diariamente, dentro e fora de casa. Apesar do roteiro se distanciar, em certo ponto, da contraparte dos personagens dos quadrinhos, o novo mote explorado da substancia para deixar a trama mais concreta e atual. Este talvez o maior acerto de Berloff, que soube como tratar o tema em extrema sintonia com o roteiro. Ao contrários de tantas outras produções que se utilizam de várias pautas sociais, como o feminismo, apenas para vender o produto, em Rainhas do Crime isso ganha um retrato completo.

No que diz respeito a direção, Berloff também não decepciona. Com influencias inegáveis que vão de Copolla a Scorcese toda a aura violenta e caricata da Hell’s Kitchen dos anos 70 podem ser sentidas a cada plano mais aberto. As atuações de Melissa McCarthy, Tiffany Haddish e Elisabeth Moss, mais do que convencem e trazem profundidade às personagens. Em especial Moss, que tem uma plot consideravelmente mais complicado, mais visceral, onde era necessário uma entrega um tanto maior e a atriz não desaponta. Ainda entre todas estas mulheres empoderadas, Domhnall Gleeson consegue um certo destaque. Já tem algum tempo que vemos o ator ganhando cada vez mais espaço em filmes cada vez maiores. Aqui, apesar de um papel segundario, Gleeson mostra desenvoltura de sobra em um personagem bem diferente do vimos dele até então.

As Rainhas do Crime é um daqueles ótimos filmes com uma ambientação tão boa, que você vai sair do cinema querendo passar mais tempo vendo aquela história e andando por aquelas perigosas ruas. Uma adaptação de HQ diferente, que pode mostrar para aqueles mais críticos que os quadrinhos também são uma mídia fantástica, com ótimas histórias.

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