Valerian e a Cidade dos Mil Planetas
Cinquenta anos depois de seu lançamento em quadrinhos, ‘Valerian e a Cidade dos Mil Planetas’ leva aos cinemas um espetáculo visual, e nada muito além disso. A ficção científica baseada nas histórias em quadrinhos francesas é repleta de cenas desnecessárias e cansativas, e seria muito melhor sem suas pausas explicativas, que e subestimam o espectador e revelam uma decepcionante pobreza de roteiro.
O currículo de Luc Besson é composto por altos e baixos (de produções visionárias a filmes bem medíocres). Ele é responsável por obras-primas como ‘O Quinto Elemento’ e ‘O Profissional’, mas também por ‘Lucy’, com aquele final polêmico em que a protagonista vira um pen drive. Seus filmes sempre partem de uma ideia genial, mas nem sempre ele consegue se expressar de maneira clara, isso fica evidente em sua nova produção.
O grande problema do longa está no casting. Apesar de ter descoberto talentos como Natalie Portman (‘O Profissional’) e Milla Jovovich (‘O Quinto Elemento’), ele erra feio ao tentar catapultar a carreira da sofrível Cara Delevingne (‘Esquadrão Suicida’), que como atriz é uma ótima modelo. Ela não tem química nenhuma com seu co-protagonista, Dane DeHaan (‘Poder Sem Limites’, ‘O Espetacular Homem-Aranha 2’), que dá o seu melhor e até entrega um protagonista aceitável, mas a história é focada no romance, e é impossível criar empatia pelo casal.
O vilão a la Scooby Doo também se mostra totalmente genérico e esquecível, diferente de Gary Oldman em ‘O Quinto Elemento’ e ‘O Profissional’ (perceba que já citei três vezes esses filmes, que comprovam que o diretor sabe fazer boas escalações e bons roteiros). O destaque fica pelas criaturas digitais e pela cantora Rihanna – que literalmente dá um show na tela. Sua personagem tem o arco dramático mais aprofundado do filme, e mesmo aparecendo por poucos minutos, Rihanna consegue facilmente roubar os holofotes para ela.
A experiência sensorial de ‘Valerian e a Cidade dos Mil Planetas’ é o que faz valer o ingresso. Os efeitos visuais de ponta nos levam para uma encantadora viagem espacial, em que os seres e planetas chegam a ser palpáveis, tamanha a perfeição do CGI usado por Besson. Ele consegue criar texturas que transformam o filme em uma das melhores produções visuais dos últimos tempos.