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Malasartes e o Duelo com a Morte

Fantasia, bom humor e valorização da cultura brasileira é o que não faltam em Malasartes e o Duelo com a Morte. Já vimos isso antes em obras como O Auto da Compadecida (1999), sendo que é praticamente impossível não comparar os dois filmes, já que ambos possuem um protagonista malandro, personagens caricatos e um mundo pós-morte. O que surpreende no longa dirigido por Paulo Morelli (Cidade dos Homens) são os efeitos especiais, que elevaram o orçamento do filme a quase R$ 10 milhões.

A trama gira em torno do personagem folclórico Pedro Malasartes, interpretado por Jesuíta Barbosa (e já vivido por Mazzaropi nos cinemas). No longa, o caipira trapaceiro deverá enfrentar dois inimigos: Próspero (Milhem Cortaz), que fará de tudo para impedir que ele namore sua irmã Áurea (Isis Valverde); e a própria Morte (Julio Andrade), que tenta enganá-lo para que os dois troquem de lugar e possa finalmente descansar de ceifar vidas após dois mil anos. O longa ainda traz outros personagens que Pedro terá que enfrentar, como Esculápio (Leandro Hassum), assistente da Morte, e a bruxa Cortadeira (Vera Holtz), que querem o cargo que o ceifador quer dar para o matuto.

A encarnação de morte por parte do gaúcho Júlio Andrade é a que mais se destaca entre as atuações. De resto, muitos personagens não convencem, a sensação é de que os artistas parecem repetir papéis já vistos anteriormente em outros trabalhos. Enquanto Leandro Hassum força seu humor em muitos momentos, Vera Holtz se mostra bastante contida.

Nos seus primeiros momentos, Malasartes é um filme promissor, porém vai se perdendo pelo caminho, por conta do exagero de clichês e tosqueiras que ainda permeiam o cinema nacional (quem sabe a história funcionasse melhor como uma minissérie para a TV). Mesmo assim, temos coisas bem interessantes. A animação da abertura, narrada pelo mestre Lima Duarte, está muito bem feita. O filme tem um excelente visual, com boas ambientações, principalmente de onde a Morte e as três rendeiras habitam. Além disso, a malandragem de Pedro o coloca em situações que garantem boas risadas.

Depois de 30 anos de desenvolvimento, Malasartes já pode ser considerado um ponto fora da curva no cenário nacional, por ser o longa com o maior número de efeitos especiais do cinema brasileiro.

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