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Crítica – Pisque Duas Vezes

Supreendentemente memorável a sua maneira, Pisque Duas Vezes chega aos cinemas trazendo um belíssimo suspense psicológico repleto de boas doses de terror.

Se por um lado vivenciamos diversos exemplos desastrosos de estreias de atores na cadeira de diretor, aqui, Zöe Kravitz entrega uma visão apurada para sua produção, além de desfilar por diversas ótimas referências. E ainda que escorregue no ritmo da história contada, o brutal e caótico ato final faz tudo valer a pena.

Na trama, acompanhamos Frida (Naomi Ackie) e Jess (Alia Shawkat), duas garçonetes que levam vidas pacatas e desinteressantes, até serem notadas pelo bilionário da tecnologia Slater King (Channing Tatum). King parece se encantar por Frida e convida as amigas para uma festa sem fim em uma paradisíaca ilha particular. Mas não demora nada para que estas férias dos sonhos se torne um verdadeiro pesadelo deixando as garotas desesperadas para fugirem deste inóspito lugar.

Muito além de uma produção superficial, Kravitz busca em Pisque Duas Vezes, um conto sobre o despertar. Uma alegoria um tanto mais profunda, que explora um viés muito particular ao tratar de temas bastante difíceis dentro do escopo feminista. Mas que não se restringe apenas a isso e faz questão de colocar críticas acidas ao conceito de estilo de vida sem regras que fama e fortuna podem trazer.

Ainda que o longa conte uma produção bastante competente por parte da estreante diretora e do roteirista E.T. Feigenbaum, por diversas vezes o ritmo da história é afetado principalmente no segundo ato. Uma repetição insistente de cenas de suntuosas festas, pode cansar rapidamente uma audiência que já clama por algum movimento na trama. Entretando é exatamente em momentos assim que algumas atuações ganham destaque. É possível contar pelo menos três momentos em que Adria Arjona rouba a cena e segura o nível da produção, mesmo nos momentos menos inspirados da direção.  

Por fim, no acender das luzes da sala do cinema, Pisque Duas Vezes se mostra cativante e surpreendente. Um debute extraordinário na cadeira de direção para uma atriz tão jovem quanto Zöe Kravitz.