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Crítica – Borderlands

Em uma onda de adaptações de games icônicos para o cinema, Borderlands consegue a façanha de ser extremamente fiel e falho ao mesmo tempo. Mas ganha destaque em apresentar uma aventura descompromissada com um visual grandioso.

Provavelmente estamos vivendo a terceira onda de tentativas de Hollywood em adaptar games pra as telonas. Se por um lado produções como The Last of Us e Fallout alcançaram alta aceitação entre o público geral e fãs dos games, um passado não tão distante mostrou dezenas de fracassos retumbantes. Borderlands, o jogo, em essência, não tem uma história elaborada como pano de fundo, tão pouco personagens icônicos como em outras franquias. Mas carrega consigo um estilo caótico único, elementos visuais fortes e um mundo distópico que entretém qualquer um atrás dos controles. Mas quando você não está no comando da ação, quando você se torna apenas o espectador, todos esses elementos ainda tem o mesmo peso?

A história coloca uma caçadora de recompensa, Lilith (Cate Blanchett), contratada por um figurão para encontrar sua filha, Tiny Tina (Ariana Greenblatt). A garota, que pode ser a chave para encontrar uma arca de segredos inimagináveis de uma antiga raça alienígena, foi sequestrada pelo oficial desertor Roland (Kevin Hart). A situação se complica quando Lilith precisa formar uma improvável aliança com seus alvos para impedir que tal poder caia em mãos erradas.

Ainda que a produção apresente um roteiro preguiçoso e um tanto previsível, talvez o maior destaque fique por conta do visual. Exagerado, gritando e chamativo, a produção não esboça qualquer vergonha em importar todas as cores vibrantes e os excessos visuais dos games.

Entretanto, para aqueles que conhecem o game, a produção pode apresentar diversas falhas em criar uma adaptação coesa. Algumas características principais dos personagens são diminuídas, ou até descartadas, tudo em prol da trama que ignora muitos momentos do material original para servir uma história quase que completamente nova. Essas mudanças podem incomodar quem já conhece o game, mas certamente passará batido pelo público geral.

Mesmo com a cadeira de diretor ocupada por um nome de certo peso, como Eli Roth (O Albergue), adaptar o mundo caótico de Borderlands se mostrou uma tarefa bem mais complicada do que parecia. Ainda que o jogo tenha um ar bobo, piadista e descarado, é impossível não se pegar imaginando como a produção ficaria nas mãos de algum diretor com um timming cômico mais apurado, que soubesse aproveitar um pouco melhor os momentos estapafúrdios dos games, principalmente envolvendo o robô Claptrap, aqui interpretado por Jack Black, que ganha muito mais destaque pelo ator que da voz ao personagem, do que pelos momentos que o roteiro proporciona ao personagem.

De toda forma, Borderlands termina com um misto de sensações. Uma produção visualmente espetacular, um elenco extremamente competente e momentos bem engraçados. Para o grande público, certamente um ótimo entretenimento de final de semana. Mas para os entusiastas do jogo, infelizmente, apenas mais uma adaptação mediana com uma história que é muito mais divertida quando te coloca dentro da ação e fatalmente bem menos interessante quando te coloca na cadeira do espectador.