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Crítica – Assassino Por Acaso

Uma comédia romântica divertida, que te convida a enxergar, não apenas o gênero, mas também sua própria construção social, através do prisma filosófico do “existir”. É exatamente assim, complexo, envolvente e cativante, que chega aos cinemas Assassino Por Acaso.

Se por ventura você é um daqueles que já se emocionou com a icônica trilogia “Antes do Amanhecer”, ou mesmo já se pegou completamente envolvido na trama de “Boyhood”, então você conhece muito bem o trabalho de Richard Linklater, e sabe bem do típico gosto do cineasta em quebrar conceitos clichês de gêneros convencionais, sempre adicionando camadas a mais ao seu trabalho. E em Assassino Por Acaso, isso não é diferente.

Na história, somos apresentados a Gary Johnson (Glen Powell), um professor de filosofia, que presta serviços técnicos de escutas à Polícia de New Orleans. Em um dia qualquer, Gary precisa agir infiltrado como um assassino de aluguel. Seu desempenho é tão bom, que a polícia decide utiliza-lo mais e mais vezes. Com o tempo Gary vai incrementando sua atuação, estudando seus “alvos” e criando personas, com direito a maquiagens, figurinos elaborados e uma personalidade totalmente diferente da sua. Tudo vai bem, até seu encontro com Maddy Masters (Adria Arjona), uma linda mulher que faz com que Gary quebre o protocolo de infiltrado para ajuda-la a escapar do marido.

À primeira vista a produção pode parecer monótona e pouco palatável, principalmente para quem procura uma comédia romântica convencional. Cai entre nós, os trailers divulgados não fazem jus a real intenção do filme, que tem seu brilho potencializado nas camadas de subtexto.

Toda a jornada de Gary, se desdobra nestas criações de personas, entre elas, a de Ron, um assassino confiante e sedutor. Neste ponto, é particularmente interessante notar a transformação do tímido professor, em seu alter ego. A transformação de uma cara qualquer, acostumado a ser ignorado, em uma figura que rouba toda a atenção do ambiente.

Logicamente, é fácil notar que fatalmente esta produção não teria o mesmo brilho sem a presença de Glen Powell. O ator prova aqui, porque é o momento em Hollywood. Não apenas abrindo um vasto leque de atuações em cena, mas também colaborando com Linklater no roteiro. Mostrando que tem talento não apenas em frente, mas também atrás das câmeras. Fato é, que Hollywood parece ter decidido que este é o momento para a volta das comédias românticas aos cinemas. Sendo assim, é ótimo saber que parece que o gênero ainda funciona bem nas mãos do veterano Linklater e do talentoso Powell.