Crítica – O Exorcista: O Devoto
Recheado de sustos aleatórios e pouquíssima inspiração para criar a atmosfera certa, a esperada sequência, O Exorcista: O Devoto, chega aos cinemas carregado de muita expectativa que se desfaz em uma trama apressada e previsível.
No longa acompanhamos a história de duas famílias, de hábitos religiosos bastante diferentes, sendo ligadas pelo desaparecimento de suas filhas. As garotas reaparecem três dias depois, desorientadas e apresentando distúrbios além da capacidade da medicina convencional. Após vivenciarem o drama da possessão demoníaca, as família resolvem buscar ajuda em uma famosa escritora que afirma ter passado pelo mesmo episódio e sobrevivido. Agora, eles são obrigados a deixar diferenças de lado para salvar a vida de suas filhas.
Ainda que a trama pontue discussões interessantes em certo ponto, principalmente para uma sequência de um clássico como O Exorcista, apenas boa vontade não vence um festival de clichês na tela. O primeiro susto aleatório, no primeiro minuto do filme, já deixa claro que estamos longe de qualquer construção mais elaborada de atmosfera para gerar medo, aqui, a ideia do diretor David Gordon Green parece tão somente se apoiar no peso do nome da franquia, enquanto enche quase duas horas de filme com cortes rápidos e sons altos, que não criam mais do que um desconforto na audiência.
Mesmo distante de algumas críticas, que classificaram a produção como um “lixo”, afinal a qualidade geral não difere de tantas outras estreias nos últimos anos, O Exorcista: O Devoto, sofre ainda com a expectativa naturalmente colocada sobre ele. Em uma realidade onde tantas produções do gênero buscam sucesso brincando e ousando diante da, já batida, formula do cinema de horror, usar de um título deste tamanho para voltar ao clichê previsível, evidência ainda mais a falta de perspectiva da produção.
Infelizmente a diferença gritante entre expectativa e produção é tão grande, que ofusca até mesmo os bons trabalhos de Lidya Jewett e Olivia O’Neill, que interpretam as garotas possuídas. Lidya ainda carrega parte do peso emocional da produção, enquanto O’Neill faz referencia ao trabalho icônico de Linda Blair. Ainda sobre o elenco, o retorno de Ellen Burstyn, que deu vida a Chris MacNeil, a mãe de Regan no primeiro filme, pode ser um dos pontos mais apelativamente brutais do filme. Mesmo que a atriz consiga facilmente trazer peso, frescor e identidade a uma trama praticamente vazia, o modo desavergonhado como ela é usada, apenas e tão somente, como uma forma de atrair o público, não pode ser classificada de outra maneira a não ser apelativa.
No fim, O Exorcista: O Devoto, não embala para manter o ritmo inovador da produção original, não se preocupa em trazer novos elementos, tão pouco em explorar qualquer ponta solta. Mas que no fim prefere entreter como um bom clichê, simples e vazio, mas que pode alcançar uma audiência cansada embalada pelo mês do Dia-das-Bruxas.