Drácula: A Última Viagem do Deméter – Crítica
Talvez o Drácula, seja um dos únicos personagens clássicos que se tornou tão icônico, que jamais o público se cansará em vê-lo nos cinemas. Em A Última Vigem do Deméter, é exatamente este o sentimento que o público é convidado a partilhar. Uma história competente, apesar de esquecível, que ganha um brilho a mais, apenas pela presença do monstro.
Na trama, que adapta uma passagem em específico da obra original de Bram Stoker, acompanhamos aquela que seria a última viagem do navio Deméter. Comandado pelo bondoso Capitão Eliot (Liam Cunningham), a embarcação parte da Romênia para a Inglaterra, sem saber que na bagagem transportam um grande mal.
De fato pode-se dizer que a produção é bem “redondinha”. Encabeçada por uma direção bastante competente de André Øvredal, o filme sabe se valer de sua história e mira em um estilo de terror mais sufocante ao narrar todos seus acontecimentos dentro de um espaço pequeno. Toda a questão do mal que espreita nas sombras, enquanto a tripulação está em alto-mar, sem ter pra onde correr, consegue fisgar a audiência, que em pouco tempo já se pega envolvida com toda a ação.
A produção ainda tem como trunfo atuações de destaque como a do próprio Cunningham, que da vida a um Capitão bondoso que precisa tomar atitudes extremas. Corey Hawkins, de Esquadrão 6 e 24 Horas: Legacy, também ganha evidencia ao interpretar um homem da ciência, no caso um médico, enfrentando perigos sobrenaturais. Mas talvez o maior destaque fique por conta de Woody Norman, o Toby, neto do capitão que acaba no meio da pior viagem de sua vida. É nele que se apoia o momento mais emocional do longa, que entrega muito em termos de atuação, principalmente nos momentos em que divide tela com Cunnigham.
Mas se por uma lado a direção se vira bem ao criar o clima certo para a produção, o roteiro não ajuda muito. Ainda que no final esta seja uma clássica história de vampiros com o famoso Conde Drácula como o principal antagonista, a trama não se sustenta. Talvez por se tratar de um capítulo dentro de uma história original maior, fica uma estranha sensação de que falta algo. O ritmo se torna cansativo depois de algum tempo, a formula do perigo se repete e já não consegue mais causar impacto. A figura monstruosa, quando enfim é revelada, já pega uma audiência cansada, que pouco se abala. Até mesmo o ápice final, com o grande plano para deter a entidade, a essa altura, já soa bobo e por vezes cheio de furos.
É claro que no fim, Drácula: A Última Viagem do Deméter, cumpre bem o papel básico de entreter sua audiência. A produção ganha pontos ao tentar emular velhas formulas de filmes de monstros, mas infelizmente se perde na falta de criatividade para contar uma história que poderia ser muito mais atrativa do que foi.