Crítica – Batman
Abraçado com o que existe de melhor nos quadrinhos e mergulhado em uma experiência cinematográfica, baseada no sucesso de Joker, Batman chega aos cinemas como um espetáculo visual de ação e suspense, redefinindo o herói nas telas de cinema.
Existe receita para criar um filme de super-herói perfeito? O elemento fantástico tem espaço, ou você prefere quando tudo se descamba ao “sombrio e realista”? Bom, talvez o maior feito do diretor Matt Reeves em Batman tenha sido encontrar um meio-termo ideal para essa questão. Uma trama politica intrincada e discursos sobre desigualdade social dão o tom realista da história. Enquanto vigilantes e vilões mascarados abraçam suas personas mais fantásticas embalando qualquer fã da nona arte.
Na trama, Bruce Wayne (Robert Pattinson) mergulha no submundo de Gotham para desvendar pistas de um serial killer que tem por objetivo revelar um esquema de corrupção que move a cidade por anos. A cada enigma deixado pelo Vilão, Batman se vê envolvido ainda mais com figuras do escusas, como o Pinguim (Colin Farrel), Carmine Falcone (John Torturro) e Selina Kyle (Zoe Kravitz). Toda a história é apoiada em um emaranhado vai-e-vem politico, então dizer mais do que isso na sinopse pode estragar alguma surpresa do roteiro. Entretanto, é possível notar, ainda que embora, a história crie algumas conveniências para conectar personagens, quase tudo o que está ali vem diretamente dos quadrinhos.
Desde a estreia de Joker nos cinemas, um movimento parece ter se iniciado em Hollywood. Uma vontade arrebatadora de criar um espetáculo visual em um dos mais populares “gêneros” blockbusters atuais. Em Batman, o diretor Matt Reeves consegue criar uma atmosfera icônica. Desde direção a direção de cena, impecável a todo momento, até a fotografia. Que por sua vez emula um filtro pixelado, quase datando a obra como uma das produções dos anos 80, mas sempre trabalhando tons avermelhados trazendo identidade ao longa.
No que diz respeito a atuação, a qualidade das cenas e diálogos de cada ator envolvido é quase desleal. Do protagonista ao figurante, simplesmente não teria como destacar apenas um ou outro trabalho. Ainda assim, vale deixar aqui uma observação ao trabalho de Paul Dano, o vilão Charada. O antagonista que já teve versões muito interessantes na televisão e no cinema, aqui ganha uma versão original, ainda que sem perder sua essência. O trabalho não era simples, mas em certo momento, em especial no terceiro ato do filme, o peso emocional que Dano traz ao papel poderia facilmente figurar entre algumas indicações ao Oscar.
Aliás, para fãs mais emocionados, caso Batman não figure entre as vindouras temporadas de premiações, certamente a internet ganhará ares de revolta. Entretanto vale lembrar que, ainda que o longa tenha alcançado um nível bastante elevado em sua produção, o gênero em si, dificilmente cairá nas graças da Academia. O que no fundo, nem deve contar tanto assim, afinal Batman já se provou uma unanimidade entre crítica e público.
Ainda assim, entre tantos acertos monumentais, Batman ainda tem espaços para erros? Bom, ouso dizer que não. Certamente o filme não é perfeito, entretanto analisando friamente, escolhas que podem fazer com que parte do público torsa o nariz para o obra, como o desconfortável traje do herói, ou seu depressivo estilo enquanto Bruce Wayne, são todos aspectos pensados para evoluir e mudar em vindouras sequências. Vale lembra que aqui, o Homem Morcego ainda está em seu segundo ano como vigilante. E ao final de seu arco nesse filme, sabe que precisa se tornar algo maior do que apenas a “Vingança”. Por isso, acredito que estas escolhas ainda possam se tornar acertos no futuro.
No final, a única coisa que pode faltar para que esta seja a encarnação definitiva de Batman, talvez seja uma futura ligação com outros grandes heróis. Por hora, o próprio Revees entende que primeiro quer trabalhar o universo do Batman e apenas isso. Mas com o anunciado sucesso de sua criação, é fácil imaginar o público querendo Robert Pattinson interagindo com versões de Superman e Mulher Maravilha.
Vale lembrar ainda que uma sequência já ganhou sinal verde da Warner, assim como três outras séries estão em desenvolvimento. Uma para o departamento de policia de Gotham, outra para o fenomenal Pinguim de Colin Farrel e por fim uma para a sensacional Selina Kyle de Zoe Kravitz. Um universo de possibilidades que ganha forma.
Por fim, dizer que Batman de Matt Reeves e Robert Pattinson revolucionou o personagem e que este será a encarnação definitiva do herói, pode soar um tanto precoce e no fim, só o tempo vai dizer. Mas que a produção preencheu todos os requisitos para ganhar seu lugar na história, isso ela fez.