Crítica – Os Eternos
O início dos tempos e toda a complexa mitologia do universo Marvel ganha vida nas telas com a chegada dos Eternos no MCU. Um pouco mais autoral do que de costume, o longa encanta com belas cenas, ao mesmo tempo que desenha mitos e lendas da criação do universo, expandindo ainda mais as ameaças contra nosso planeta.
Criados por Jack Kirby, nos quadrinhos, os Eternos contavam a gênesis do universo Marvel. Personagens além do tempo, sempre em guerra contra os Deviantes, eram dotados de poderes extraordinários e sempre com a missão de garantir a paz entre os mundo. Intimamente ligados aos Celestiais, os seres mais antigos do universo, em suas melhores histórias, detalhavam criações de mundos e galáxias inteiras.
Já no filme, comandado pela ganhadora do Oscar Chloé Zhao, a história tende a não ser muito diferente do material original, pelo menos em sua essência. No longa, acompanhamos um grupo de guerreiros vindos do planeta Olympia, em sua nave eles recebem a missão de impedir que os Deviantes, criaturas predadoras malignas, destruam a vida inteligente da Terra. Uma vez no planeta, estes seres atravessam os séculos protegendo a humanidade das temíveis criaturas, mas apenas isso. Nunca interferido em guerras ou outros conflitos humanos. Já nos tempos atuais, segredos são revelados e levam a equipe a se reunir mais uma vez, agora para deter um mal ainda maior e muito mais próximo do que eles imaginavam.
No geral a produção agrada e muito. Para aqueles que já eram fãs dos filmes com o padrão Marvel, pouca coisa se perde. A fórmula continua a mesma, apenas com algumas adições mais artísticas. Já para aqueles que se interessaram pelo envolvimento da ganhadora do Oscar Chloé Zhao, estes podem se surpreender. O olhar apurado da diretora traz sim tons mais elaborados ao filme, desde a fotografia até os efeitos práticos e grandiosos, tudo da a sensação épica que o roteiro e personagens exigiam. Afinal, este é sim um “épico” da Marvel, aqui estamos vendo a história da criação do universo e principalmente dos seres mais poderosos existentes nele.
Mas muito além da direção de luxo de Zhao, talvez o maior destaque da produção vá para Gemma Chan, que interpreta Sersi. A atriz que já foi coadjuvante em Capitã Marvel, aqui é alçada ao papel de protagonista em um personagem diferente e consideravelmente mais difícil. Mesmo quando Chan é colocada entre os astros estabelecidos de Game of Thrones, Richard Madden (Ikaris) e Kit Harington (Dane Whitman), a atriz consegue se manter no foco e concentrar toda a atenção do público nela.
Para contar a gênesis do universo Marvel, absolutamente tudo precisa ser grande, precisa ser épico. Talvez por isso a produção tenha ganhado mais de 2 horas e meia de duração. Mas sinceramente, ao menos para este que vôs escreve, a duração não foi um problema. As cenas são longas sim. E os arcos se estendem por mais tempo que o necessário, porém, direção e fotografia, tornam o filme uma gostosa viagem, onde o público pode aproveitar cada segundo nos diferentes lugares e épocas que são mostrados.
No fim das contas, a união de uma diretora brilhantemente autoral com a já estabelecida Marvel parece ter dado muito mais do que certo. A tradicional fórmula ainda está lá, mas agora com um charme tão especial que parece adicionar camadas generosas à produção. Ainda assim, já apontando com uma nota ruim em sites especializados, é realmente uma pena que Os Eternos possa não ter uma continuação, principalmente por perdermos uma diretora como Chloé Zhao em um universo tão rico quanto o MCU.