Crítica – Castlevania | Temporada 4
Como é bom ver uma série percorrer um caminho certeiro e chegar ao seu fim de maneira acertada, encontrando seu ápice. Foi exatamente esse o sentimento despertado com Castlevania, série original da Netflix que adapta o jogo de mesmo nome.
Em seu quarto ano, Castlevania continua a sua história apenas alguns meses após os eventos do capitulo anterior, com Travis Belmont e Sypha Belnades agora investigando ataques de várias Criaturas da Noite á vilarejos, Alucard buscando uma vida mais próxima daquela que sua mãe imaginava para ele, enquanto Isaac e Hector traçam seus caminhos e planejam vingança contra as irmãs vampiras lideradas por Carmilla.
De maneira segura, é possível dizer que esta temporada praticamente não erra em nada, principalmente em termos de história e roteiro. As várias narrativas propostas desfrutam de tempo certo para se desenrolar e, aquelas que não fazem parte do grande ápice final, entregam seu fim de maneira mais do que satisfatória, já pelo meio da temporada. Tudo isso, da tempo para preparar os personagens por pelo menos dois episódios completos, deixando todas as peças nos lugares certos para o final apoteótico.
As tramas são bem exploradas ,e é possível notar a evolução de cada personagem ao longo dos 10 episódios. Travis parece carregar o peso do fardo de ser um Belmont em um mundo de monstros e principalmente entender o tamanho do ônus do trabalho de herói, onde nem sempre é possível salvar todo mundo. Já Sypha, sempre mostrada como uma entusiasta da aventura, passa a entender a acidez de seu companheiro, afinal, desde o desfecho da terceira temporada, a tal aventura parece sair de cena e dar espaço ás consequências reais do mau que eles enfrentam. Fato que se mostra cada vez mais pesado.
Se na temporada anterior vimos Alucard terminar empalando pessoas em frente ao castelo, tomando um perigoso caminho e se alinhando ao que seu pai representava, agora vemos o personagem mudar. Enfim encontrando a bondade na humanidade e se aproximando mais de sua mãe. Essa transição não é feita de maneira rápida, ao contrário, a narrativa dá tempo para que o Meio-Vampiro se acostume aos novos amigos, despertando para um lado que até então era desconhecido, até mesmo para ele.
A jornada dos Forjadores de Almas por outro lado, pode parece mais fria, mais rápida, mas nem de longe menos importante. Ainda que distante do que esperavam aqueles que conhecem a história dos games, essa parte da história nitidamente tira um tempo para passar um mensagem mais clara sobre força, poder, destino e futuro. Enquanto Isaac resolve usar suas Criaturas da Noite para construir um mudo melhor, Hector sabe que não tem escolha, afinal esta acorrentado magicamente às vontades de Carmilla. Mas ainda assim o prisioneiro busca uma forma de, ainda que à sua maneira, concertar os erros que cometeu. É nesse momento, através destes personagem, que a trama mostra que nem sempre existem heróis e vilões, bem e mau. O mundo é feito de tons de cinza, os Forjadores de Almas entenderam isso e a jornada deles abre um leque interessante de redenção que pode agradar os espectadores.
Um ponto que vale mencionar, além da trama, é nível que a animação alcançou. Certamente realizar a adaptação de Castlevania no formato animação/anime foi uma ideia mais barata do que reproduzir as passagens da história em live-action, mas aqui a Netflix conseguiu ir além e elevou o nível técnico ao máximo para entregar uma sequência de batalha final que deixa os fãs boquiabertos. A agilidade e fluidez das cenas coloca essa animação em outro patamar, principalmente para os fãs dos games que vão notar várias semelhanças e homenagens aos estilos e mecânicas de lutas nos “chefões” da temporada.
Para alguns, o final da quarto e último ano da série, pode até ter deixado muitas portas abertas. Talvez fosse melhor colocar um ponto final mais definitivo em muitas questões, entretanto, sem entrar em qualquer spolier, quem conhece game sabe muito bem que a série fecha da maneira certa, focando no futuro. Se a Netflix vai explorar esse futuro, aí só depende dela e dos fãs.