Crítica – Zumbilândia 2
Raras foram as vezes em que Hollywood conseguiu entregar uma sequência tão boa, ou mesmo melhor, que o longa original. Fórmulas repetidas até a exaustão, piadas forçadas e situações exageradas acabam estragando totalmente a vindoura franquia. Mas por mais incrível que possa parecer, Zumbilândia 2 consegue a proeza de agradar ainda mais os fãs, referenciando seu próprio universo e aprofundando sua história.
Dez anos após o original, o então elenco desconhecido e promissor e agora indicados e ganhadores de Oscar, retornam para o centro de tudo e aprofundam o que a franquia tinha de mais importante, a relação entre os personagens principais.
Na história, 10 anos após os evento do primeiro filme, após uma súbita separação, o grupo precisa se reunir mais uma vez para cair na estrada em busca de Little Rock (Abigail Breslin), que fugiu com um novo sobrevivente para poder curtir sua juventude. A primeira vista a “vida na estrada” poderia emular situações já vistas no primeiro longa, mas é aqui que o filme vai além e consegue trabalhar com maestria as relações e expectativas de uma vida após um apocalipse zumbi. A sensação de “os estranhos que se completam” já não serve mais e o sentimento de uma busca para um lar menos “caricato” e mais seguro só cresce. Enquanto Columbus (Eisenberg) se imagina dando um novo passo em sua relação com Wichita (Emma Stone), Tallahassee (Woddy Harrelson) encontra alguém que compartilha de seu amor incondicional por armas e pelo Elvis.
Três novos sobreviventes se unem a trama, mas sem dúvida o maior destaque fica com Madison (Zoey Deutch), que literalmente rouba a cena vivendo um esteriótipo de garota de irmandade, completamente alheia ao que a cerca. A primeira vista a personagem pode parecer sem muita importância, mas basta uma olhada mais de perto para perceber que seu arco pode ser muito mais importante para o andamento da história do que aparenta.
Outro ponto que facilmente eleva a qualidade da produção, fica por conta da direção. Ruben Fleischer, retorna a cadeira de diretor dez anos após o primeiro longa. E como esses anos lhe fizeram bem. Muito mais seguro e até mesmo ousado, Fleischer abusa, sem parecer piegas, de uma estética visual mais arrojada, com direito a câmera lenta e um plano sequência de tirar o folego.
Zumbilândia 2 é a prova de que uma sequência só deve ser feita quando se tem uma boa história para contar, sem repetir situações ou fórmulas, mas sim aprofundando ainda mais as relações criadas naquele universo.