Crítica – Godzilla II: Rei dos Monstros
Finalmente chega aos cinemas mais um capitulo do afamado MonsterVerse iniciado pela Warner Bros nos cinemas. Na mesma pegada de Godzilla e Kong: A Ilha da Caveira, somos apresentados a Godzilla II: Rei dos Monstros, mais um ladrilho no caminho que nos levará ao embate entre as duas feras mais icônicas do cinema.
Se no primeiro longa o mundo é reapresentado a um dos mais clássicos monstros gigantes, em um filme que remete muito a sua versão original, aqui somos envolvidos e aprofundados em sua mitologia. A história acompanha a vida da Dra. Emma Russel (Vera Farmiga), que vive um drama familiar. Após perder um de seus filhos nos eventos do filme anterior, a doutora, obcecada pelos monstros gigantes, aqui chamados de Titãs, cria uma maquina com o potencial de acorda-los e até mesmo “domina-los”. Quando essa maquina cai nas mãos de um brutal eco-terrorista (Charles Dance), cabe a organização Monarch intervir e não deixar que os titãs destruam o mundo.
De maneira geral, pode-se dizer que o Godzilla II é o típico blockbuster de ação. Explosões e monstros gigantes se enfrentando tomam conta quase que da totalidade do longa, ainda assim deixando um bom espaço para que o elenco, recheado de nomes de peso, possa fazer a ponte das explicações para o espectador. Entretanto, talvez o maior problema esteja justamente nestas explanações, que por vezes tentam acrescentar uma profundidade desmedida ao drama dos personagens, que além de criar situações contraditórias ou pouco inteligentes, torna alguns momentos do longa cansativos e pouco empolgantes.
Para aqueles que, apesar de gostar, se sentiram incomodados com a pouca iluminação que Gareth Edwards levou para o longa anterior, podem se surpreender com a mudança na direção. Michael Dougherty, praticamente faz sua estreia como diretor, já que ele é mais conhecido por suas contribuições como roteirista. E ao contrário de seu antecessor, Dougherty abusa do uso de cores e contrastes fortes, trazendo consideravelmente mais personalidade a produção, por vezes mostrando em detalhes os monstros em suas formas mais devastadoras. Criaturas estas, que funcionam como um deleite a parte para os fãs de longa data do Godzilla, indo fundo nas raízes de sua mitologia o longa revive criaturas como Mothra, a mariposa gigante, Rodan, o gigantesco pterossauro flamejante e um dos maiores vilões de Gojira, King Ghidorah, uma monstruosidade de três cabeças inspirada no mito da hidra.
É de conhecimento geral, que a primeira versão do gigantesco monstro nos cinemas, serviu como uma alegoria, uma metáfora sombria sobre os horrores da guerra e o progresso da ciência e tecnologia a serviço bélico. Parte deste conflito é representado na figura do Dr. Ishiro Serizawa, personagem de Ken Watanabi, que reprisa seu papel do primeiro longa. Aqui, Watanabi coloca seu personagem em uma posição pouco ortodoxa, quase que em defesa dos monstros. Mais uma vez, entregando uma atuação profunda e mostrando por que caiu nas graças do público e dos diretores de Hollywood. Ainda falando de boas atuações temos Millie Bobby Brown, revelada ao mundo após seu papel como Eleven, na série Stranger Things da Netflix, muito se especulava sobre quando a atriz mirim ganharia uma chance na tela grande. Infelizmente não se pode tirar muitas conclusões desta produção. Quase sem espaço, Millie acaba sendo praticamente descartável a trama, tendo participações pontuais mais sem grande relevância.
Em princípio, Godzilla II não chega a decepcionar. Visualmente não há o que se criticar, grandes efeitos e uma ótima direção empurram o longa por um caminho empolgante e mesmo sendo visível o trato final que o roteiro necessitava em alguns aspectos, nada tira o brilho deste gigante. Vale reforçar ainda a cena “entre créditos” que já da diversas pistas para o futuro da franquia.