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Crítica – O Justiceiro 2ª Temporada

A sinopse do último capitulo de O Justiceiro diz: “É bala para todo lado, nesta conclusão explosiva.“. E esta simples frase poderia se enquadrar na sinopse de qualquer episódio da segunda temporada da série, muito tiroteio e pouquíssima história para ser contada.

Em meio a uma época conturbada, onde vários produtos da parceria entre Marvel e Netflix, estão simplesmente retornando a Casa das Ideias, O Justiceiro, chaga com ares de quem pode caminhar sozinho, independente do lugar que ocuparia no pretenso universo compartilhado, que o serviço de streaming tentou estabelecer. Após uma primeira temporada regular, ainda que muito abaixo do que os fãs esperavam, o segundo ano escolhe se afastar do material original, criando uma leitura própria para seus personagens. Tudo isso, enquanto tenta agradar, os fãs dos quadrinhos e os usuários recorrentes do serviço.

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A história é simples, Fank Castle (Jon Bernthal) tenta deixar o trauma de perder sua família para trás e centrar-se em uma vida tranquila, mas uma jovem garota em perigo, o coloca mais uma vez na mira de assassinos e bandidos perigoso. A trama caminha em duas frentes, a primeira estabelece um novo vilão, o implacável John Pilgrim (Josh Stewart), um fanático religioso que segue ordens de uma poderosa e rica família. Já a segunda frente, acompanha o retorno de Billy Russo (Ben Barnes), que após o desfecho do final da primeira temporada, tem que lidar com seu rosto e sua memória desfigurada.

O roteiro, mais uma vez, padece do mesmo mau que assola outras tantas produções da Netflix, a gordura acumulada ao longo de 13 longos episódios. Novamente, a história não tem conteúdo para quase 13 horas de programa, deixando boa parte dos diálogos massante e sem qualquer relevância ou profundidade, mesmo que as cenas de ação tenham um potencial verdadeiramente cinematográfico, a demora que vemos para que algo grandioso aconteça, acaba mais entediando do que empolgando. Neste ano os produtores resolveram tentar algo mais autoral, se distanciando dos quadrinhos e isso funciona super bem com o protagonista. Bernthal consegue dar a profundidade necessária ao novo estágio de Frank Castle, sabendo flutuar entre o homem que procura uma nova vida, e o violento e sanguinário Justiceiro, em cada troca de “espirito” como estas, conseguimos ver a mudança de expressão do ator. Mas se por um lado o roteiro desenvolve e revela outras vertente de Castle, o mesmo não acontece com Billy Russo, o personagem que teve uma crescente na primeira temporada, até chegar ao seu destino se tornando o icônico vilão Retalho, aqui tem algo como uma segunda versão de sua origem, negando ao personagem o status de vilão, e até mesmo flertando com alguma bondade. Ao final, o encerramento de seu arco acaba de maneira brusca, em uma cena interessante, mas longe da conclusão que o vilão necessitaria.

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Talvez o meio destaque acabe indo para John Pilgrim, o personagem serve de antagonista perfeito para o imparável Justiceiro, mostrando poder disputar de igual para igual com o protagonista. Uma pena a série perder muito tempo em arcos desnecessários como da detetive Madani e até mesmo com Billy Russo, quando poderia dar mais espaço para o Sr. Pilgrim. Ao fim, o personagem até tem um desfecho satisfatório, mas ainda assim, distante do ápice que poderia ter.

O maior tiro no pé da série, foi nitidamente abandonar o material original. Grandes diálogos não aprofundam os personagens, grandes histórias, sim. E isso os quadrinhos tem aos montes. Para uma série que almeja adaptar uma HQ, faltou coragem a Netflix para abraçar o lado exagerado dos quadrinhos, não apenas na violência, que a série usa e abusa, mas também na caracterização dos personagens onde a série peca mais. Hoje os fãs procuram mais do que algumas referências soltas ao longo de 13 episódios, existem sim grandes arcos que podem ganhar espaço neste tipo de produto, basta pesquisar e arriscar.

De maneira geral, a segunda temporada de O Justiceiro, termina alguns degraus abaixo de seu ano de estreia, logo nesta que pode ser a última aparição do personagem na Netflix.

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