Crítica: Operação Red Sparrow
Se você está procurando um filme de ação aos moldes de ‘Atômica’ e ‘Salt’, esse definitivamente não é o seu filme. Vendido erroneamente como um filme de ação, ‘Operação Red Sparrow’ é um thriller erótico que supera facilmente ‘Cinquenta Tons de Cinza’ em questão de sensualidade.
Outrora talentosa bailarina, Dominika Egorova (Jennifer Lawrence) encontra-se em maus bocados quando é convencida a se tornar uma Sparrow, ou seja, uma sedutora treinada na melhor escola de espionagem russa. Após passar pelo árduo processo de aprendizagem, ela se torna a mais talentosa espiã do país e precisa lidar com o agente da CIA Nathaniel Nash (Joel Edgerton). Os dois, no entanto, acabam desenvolvendo uma paixão proibida que ameaça não só suas vidas, mas também as de outras pessoas.
Sem dúvida Lawrence se tornou a queridinha de Hollywood, e isso acaba sendo bom e ruim ao mesmo tempo. A sensação boa de surpresa que a atriz transmitia no início da sua carreira acabou se perdendo. Sua atuação é impecável, não há dúvidas quanto a isso, a questão é que seu protagonismo parece forçado. Além disso, o gênero “espiãs russas sedutoras” está começando a ficar saturado (Angelina Jolie em ‘Salt’, Charlize Theron em ‘Atômica’, Scarlett Johansson como a Viúva Negra) e isso faz com que o longa perca seu tempero.
O filme é um tanto arrastado em alguns trechos, beirando a monotonia, mas isso acaba sendo compensado por algumas reviravoltas que ocorrem no final (nada muito surpreendente, apenas interessante). O clima de suspense e desconfiança paira durante toda a trama. Ninguém é confiável e todos podem estar mentindo. ‘Operação Red Sparrow’ te leva até o final sem desvendar a resolução. É nos detalhes que a pardal mostra sua eficiência. Sem precisar colocar a mão em uma arma de fogo durante todo o filme, ela usa da luxúria e da inteligência para driblar o sistema em que é colocada praticamente à força. E quando você acha que já entendeu, o roteiro mostra que você não sabia de nada.
Uma das grandes falhas do filme é o fato da protagonista se apaixonar pelo agente inimigo. Dominika é apresentada como uma mulher forte que faz de tudo para alcançar seus objetivos, mesmo que isso a faça lutar contra tudo e todos em seu caminho. Isso é reforçado principalmente durante o seu treinamento. Porém, o relacionamento entre os agentes enfraquece a imagem que é construída durante toda a trama. Como se não bastasse, a química entre os atores não funciona em tela. O espectador não consegue sentir aquela paixão proibida, que faz com que os agentes desafiem uma missão de risco para proteger um ao outro.
Excelentes atuações como a de Jeremy Irons e da própria Jennifer Lawrence acabam ofuscando o trabalho de Joel Edgerton. Outros destaques de atuação vão para Matthias Schoenaerts, o tio de Dominika, e Charlotte Rampling, a instrutora dos pardais, que está totalmente confortável em seu papel. A direção de arte de Francis Lawrence é impecável mesmo em ambientes completamente opostos. Ele consegue destacar a beleza nos movimentos de dança dos bailarinos diante dos holofotes, e ao mesmo tempo realça cada detalhe do encontro do agente da CIA com seu informante em um ambiente escuro e misterioso.
No geral, ‘Operação Red Sparrow’ é um bom filme, com elementos muito interessantes e um grande potencial de exploração numa possível continuidade (o longa é a adaptação do primeiro de três livros, então pode ser que o estúdio aprove uma sequência).