Crítica – Batman Vs Superman – A Origem da Justiça
O que é preciso para um filme ser considerado incrível? Se tratando de uma adaptação de quadrinhos, ninguém espera um filme super cabeça, com uma trama toda intrincada e cheia de reviravoltas. Esperamos uma adaptação fiel, que surpreenda e tenha como base as grandes sagas que amamos ler nas HQs.
Batman Vs Superman levou dois anos adicionais para chegar aos cinemas, e nesse meio tempo, entramos fundo em uma montanha russa emocional. A cada novo personagem ou detalhe divulgado vinham dúvidas e certezas sobre o longa. Hoje pudemos finalmente ver o resultado de toda essa espera. E tenho certeza que ninguém saiu desapontado com o que viu.
Como um todo BvS funciona muito bem, fazendo uso de uma cadência certeira em seu roteiro o ritmo solto e objetivo do filme faz com que o espectador não sinta as 2 horas e 30 minutos de produção. Todas as sequências são necessárias, levando a trama sempre adiante, sem enrolar ou parar para dar muita explicação. Não que o os personagens envolvidos precisem de muitas explicações, afinal estamos falando de Batman, Superman, Mulher Maravilha e Lex Luthor, icônicos na Cultura Pop.
Neste ponto vale ressaltar a escolha dos atores, se alguém tinha alguma dúvida sobre qualquer um dos nomes ligados ao longa, podem ficar tranquilo. Ben Affleck nos apresenta a versão definitiva do Homem Morcego. Todo o drama do personagem encontra lugar na personificação do ator, que consegue desenvolver as duas contra partes do herói. Jesse Eisenberg, mostra como doses homeopáticas de loucura e genialidade podem construir um Lex Luthor único. Maquiavélico, como deveria ser, o vilão orquestra seu plano com grande desenvoltura. Já Gal Gadot, tão criticada quando oficializada no papel, dá um show à parte. Com toda certeza do mundo, é possível afirmar que poucas foram as vezes que alguém pareceu tão confortável em um papel, como ela interpretando a Mulher Maravilha. A cada cena Gadot transbordava elegância e confiança. Já quando empunhou sua espada e escudo a atriz definitivamente encarnou uma guerreira grega, nos dando o gostinho do que poderemos ver em breve no filme solo da heroína. Henry Cavill, por sua vez, consegue acompanhar a evolução de seu personagem. Mantendo todo o messiânico dilema de aceitação, agora temos um Superman que confronta suas escolhas e parece ter aprendido com seus erros.
Existe uma evolução também por parte da direção. Zack Snyder passa poesia ao recriar a cena do assassinato de Thomas e Martha Wayne, em momentos assim lembrarmos por que o diretor já recebeu a alcunha de visionário. Os excessos destrutivos de O Homem de Aço, aqui, ganham uma proporção menos importante, deixando em evidencia sempre os combatentes e não o campo de batalha. É bem verdade que Snyder ainda escorrega um pouco, ao pesar a mão em closes e mudanças de foco exageradas, marca registrada do cineasta junta as câmeras lentas. Nada que comprometa o andar da produção, que prende o espectador do início ao fim.
A história é simples, nada de planos muito elaborados e motivos antagônicos, são vilões e heróis da foram mais visceral possível. A qualidade e cuidado em faze uma adaptação digna é o que concede destaque a obra. Grandes arcos dão o alicerce necessário para a união dos heróis, cenas e diálogos retirados diretamente das páginas dos quadrinhos inflamam o nerd dentro de cada um de nós. Como se não bastasse, ainda somos bombardeados com vários easter eggs do universo DC Comics, mas aqui eles não são uma menção perdida no meio da história, cada aparição de um novo personagem é uma pista do que podemos esperar nos próximos longas.
Se para um filme ser considerado incrível, ele precisa ao menos justificar todo o hype que ele gerou, Batman Vs Superman: A Origem da Justiça pode ser considerado uma das melhores adaptações de quadrinhos que você já viu. Se no passado vibrávamos com o Homem Aranha de Sam Raimi e os X-Men de Bryan Singer, hoje podemos ter certeza que estas adaptações alcançaram um novo nível.
E para nós fica a certeza: Que época boa para ser nerd.