Star Wars: Os Últimos Jedi
Se “O Despertar da Força” foi um mix de sentimentos, “Os Últimos Jedi” eleva isso a um grau gigantesco, introduzindo elementos totalmente novos ao universo criado por George Lucas.
Na trama (sabiamente ocultada nos trailers) temos dois núcleos: enquanto a resistência corre contra o tempo pra fugir da primeira ordem com pouquíssimos recursos, Rey tenta convencer Luke Skywalker a lutar ao lado de sua irmã, pois ele é o símbolo de esperança que a galáxia precisa. É um plot relativamente simples, que remete mais a um roteiro de episódio de seriado do que a um filme propriamente dito. Porém, o foco na exploração dos personagens (tanto os já apresentados anteriormente como os que são introduzidos) é o que enriquece o longa.
Ao mesmo tempo em que pincela elementos dos outros episódios, o filme apresenta de maneira inovadora diferentes perspectivas da guerra e da própria força. O peso das escolhas e da perda de cada elemento da resistência, representado de forma maestral pela magnífica Carrie Fisher (é impossível não se emocionar nos momentos em que ela aparece), mostra que a guerra não se faz apenas com grandes vitórias, mas também tomando-se as decisões estratégicas corretas na hora certa. Outro tema abordado é o enriquecimento da burguesia galáctica, que vive do financiamento da guerra, vendendo armas para ambos os lados, e da exploração dos indefesos.
Na parte mística, o filme apresenta a força de uma maneira nunca explorada. O conflito interno de Luke deixa o espectador dividido ao longo da história, Rey e Kylo também possuem conflitos, o que elimina o maniqueísmo sempre presente na saga (preto e branco, bem e mal, luz e trevas), adicionando tons de cinza e enriquecendo o desenvolvimento desses personagens. “Os Últimos Jedi” mostra que ser um Jedi vai muito além de manipular mentes fracas, levitar pedras e lutar com sabres de luz.
Algumas perguntas são respondidas, e muitas ainda ficam (e vão continuar, pelo menos nos filmes) sem resposta. Provavelmente teremos essas respostas no universo expandido, o que é bom e ruim ao mesmo tempo. Por um lado temos um rico material para leitura, mas deve-se levar em conta que muitos não param pra ficar lendo os livros e quadrinhos. Uma coisa é complementar personagens que já foram bem explorados em tela fora dos filmes, outra é entregá-los fragmentados, forçando o espectador a buscar informações em outras mídias. Além disso, os alívios cômicos são um pouco exagerados (e até desnecessários) em vários momentos, e isso acaba quebrando o ritmo do filme.
Imagem e som nunca foram problema em Star Wars. O visual é impecável, com cenários belíssimos dentro e fora dos planetas, e também no interior das naves. Difícil escolher o melhor: a batalha no planeta de sal é de encher os olhos…o cassino…a sala de Snoke, tudo é lindo. As novas criaturas representam bem a diversidade do universo concebido por Lucas. Quanto à trilha sonora, John Williams mescla perfeitamente os temas antigos com os novos.
Tudo que eu falar além disso entra na zona de spoilers. O que posso dizer é que o filme mexe com os sentimentos mais profundos do fã, desde o mais “old school” até os que conheceram a saga em “O Despertar da Força”. Os personagens introduzidos na história completam a passagem de bastão iniciada no Episódio VII, dando abertura para inúmeras expansões desse universo. Os fã-services não podem faltar, e aqui eles se encontram bem pontuais em comparação ao filme anterior (acredito que o próximo episódio será o mais original dessa nova trilogia). Agora o que nos resta é esperar mais dois anos, enquanto isso, que comecem as teorias, debates e especulações!